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Coimbra: a mágoa e a vaidade de FHC

O Conversa Afiada reproduz post do Tijolaço: Marcos Coimbra: a mágoa e a vaidade de FHC.
publicado 28/04/2011
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O Conversa Afiada reproduz post do Tijolaço, de Brizola Neto:

Marcos Coimbra: a mágoa e a vaidade de FHC


Do artigo de Marcos Coimbra, diretor da Vox Populi, publicado ontem no Correio Brasiliense e na Carta Capital, sob o título “O PSDB e seus dilemas”


É fácil enxergar no artigo a mágoa de FHC contra a ingratidão do “povão”. O tom depreciativo e pouco simpático que adota (“massas carentes e pouco informadas”, “benesses às massas”, a própria palavra “povão”, etc.), típico do pensamento elitista, sugere a decepção de quem, um dia, se achava adorado e, em outro, se viu desprezado.


Deve mesmo ser complicado para alguém com seus atributos de personalidade saber-se um ex-presidente com avaliação tão negativa, depois de ter estado nas graças de todo o país, como brilhante vencedor da luta contra a inflação. E o pior é que o “povão” foi traí-lo justo com seu maior inimigo, o PT. Não foi apenas que ele caiu, mas que outros subiram.


Nada mais compreensível, portanto, que usasse uma maneira ambígua ao falar sobre o que seu partido devia fazer em relação às “massas carentes”: parecia que recomendava que as ignorasse, corrigiu-se (quando até seus companheiros estranharam a declaração), mas não convenceu. Talvez por não fazer sentido que um autor com sua experiência literária se confundisse tanto com as palavras.


O fato é que FHC propôs a seu partido que olhasse para diante, em busca de um novo Brasil, desvencilhando-se dos ingratos ou não. E aí temos um paradoxo. A seção do artigo destinada à discussão programática é adequadamente intitulada “refazer caminhos”. É isso que FHC propõe às oposições: que voltem a seu governo para redescobrir o que de bom que aconteceu.


Para ele, foi a falta de defesa de suas realizações que permitiu que o PT surrupiasse os sucessos e deixasse para elas os fracassos: crise cambial, apagão, etc. Mas como pretender ser a voz do novo Brasil e suas “novas classes médias” se o discurso é antigo? Se consiste em uma revisão do passado com vistas a reabilitá-lo?