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Caros Amigos entrevista Celso Amorim

Celso Amorim diz o que pensa da política externa brasileira em entrevista exclusiva para a Caros Amigos
publicado 01/06/2011
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O Conversa Afiada publica email recebido da assessoria de imprensa da revista Caros Amigos:

O ex-ministro das Relações Exteriores concedeu uma entrevista exclusiva para a revista Caros Amigos. O tema central da conversa foi o voto do Brasil a favor das investigações sobre violações de direitos humanos no Irã.

Para o ex-chanceler é preciso, antes de tudo, entender o que aconteceu. “Nem é uma mudança na política externa nem é um fato politicamente irrelevante, como outros procuraram mostrar”. Amorim disse que, com os elementos que tinha no governo anterior, “talvez não tivesse votado dessa maneira, porque isso dificulta o esforço de persuasão para que o Irã melhore algumas políticas”, embora tenha reiterado que respeita a avaliação “que tem sido feita pelas pessoas que tiveram que pensar nisso no momento”.

Kyra Piscitelli
Assessoria de Imprensa
Revista Caros Amigos

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Celso Amorim diz o que pensa da política externa brasileira em entrevista exclusiva para a Caros Amigos


“O voto contra o Irã não é mudança na política externa”


O ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim concedeu uma entrevista exclusiva para a revista Caros Amigos. O tema central da conversa foi o voto do Brasil a favor das investigações sobre violações de direitos humanos no Irã.


Para o ex-chanceler é preciso, antes de tudo, entender o que aconteceu. “Nem é uma mudança na política externa nem é um fato politicamente irrelevante, como outros procuraram mostrar”. Amorim disse que, com os elementos que tinha no governo anterior, “talvez não tivesse votado dessa maneira, porque isso dificulta o esforço de persuasão para que o Irã melhore algumas políticas”, embora tenha reiterado que respeita a avaliação “que tem sido feita pelas pessoas que tiveram que pensar nisso no momento”.


Amorim explicou que hoje, no mundo, apenas oito países são objeto de um relator especial, mas que pelo menos 40 ou 50 países violam os direitos humanos sistematicamente. Segundo ele, isso é “um processo altamente seletivo que tem a ver com objetivos políticos de potências”.


O ex-ministro resume direitos humanos em uma palavra: dignidade. “Porque ela é indivisível, pois inclui o direito à comida, saúde, liberdade, organização política e vários outros”. Amorim ainda completa: “é um todo, não pode escolher só uma parte. Ninguém está se incomodando com as pessoas que estão morrendo de fome ou de miséria no Guiné Bissau. Não vejo um artigo no O Estado de S. Paulo dizendo que a gente tem que agir, ou que as pessoas estão morrendo de fome, muitas vezes por culpa até das ações das antigas potências coloniais”.


Durante toda a entrevista, o ex-chanceler faz questão de reiterar essa posição de que os direitos humanos devem valer para todos e que o Brasil deve manter relações com todo mundo. “Se fossemos ter relações só com países que respeitam plenamente os direitos humanos, nós teríamos muito poucas relações no mundo – inclusive, algumas das famosas democracias do mundo fazem restrições aos imigrantes, expulsam ciganos, torturam prisioneiros suspeitos de serem terroristas”.


A entrevista com Celso Amorim faz parte de uma reportagem especial sobre os rumos diplomáticos do Brasil no governo Dilma. A questão do Irã, claro, também é o tema central da matéria. Mas, ao contrário do que defende Amorim na entrevista, a opinião majoritária dos analistas com quem a Caros Amigos conversou é de que há, sim, alterações nos rumos da Itamaraty. A repórter Tatiana Merlino é a responsável pela matéria, que é de capa.