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Depois do Palocci, o Zé. Aproveitar e fazer a limpa

Com o harakiri do Tony Palocci, a Presidenta poderia aproveitar para fazer a limpa
publicado 04/06/2011
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Com o harakiri do Tony Palocci na noite desta sexta-feira num programa da tevê dos filhos do Roberto Marinho, a Presidenta poderia aproveitar para fazer a limpa.

Um freio de arrumação.

Mandar embora, pela ordem, o Ministro da Justiça, o Zé Cardozo.

“Zé” é como o chamavam os fregueses de sua “consultoria, amigos do Daniel Dantas que utilizaram seu cargo de deputado federal para contratá-lo como enviado especial aos corifeus do Berlusconi.

O cargo de Ministro da Justiça faz política.

Tancredo aos 40 anos foi Ministro da Justiça de Vargas e naquela noite, 23 de agosto de 1954,  mandou Vargas resistir e prender os comandantes militares revoltosos.

Se o Zé dissesse isso à Presidenta, ela sequer se daria ao trabalho de ouví-lo.

Ele não tem estatura moral nem política para ser “consultado” numa circunstância política dramática.

O Zé não faz política nem Justiça.

Não faz Justiça, porque avisou logo, bem cedinho, que a Polícia Federal, de seu Ministério, não estava minimamente interessada nos “projetos pessoais” do Tony.

Como é que ele sabe ?

Onde já se viu uma Polícia Federal republicana avisar ao Ministro que está de olho numa possível falcatrua ?

Isso só confirma que a Polícia Federal, depois de queda do ínclito delegado Paulo Lacerda – uma das (poucas) páginas sombrias do Nunca Dantes -, deixou de ser republicana e não investiga fatos, mas pessoas: “Não,  esse aí deixa prá lá, é meu amigo”, ironiza amigo navegante, vítima dessa coisificação da Polícia Federal.

Louve-se aqui, aliás, o papel decisivo que Luiz Fernando Corrêa desempenhou nessa conversão da Polícia Federal à des-republicanização.

Por falar nisso, Dr Corrêa, cadê o áudio do grampo do Dr Gilmar ?

(O Corrêa, como se sabe, vai cuidar da “segurança” da Copa. Êpa ! Êpa !)

Com o Zé de volta à consultoria, a Presidenta teria que  trocar o diretor-geral da Polícia Federal.

O atual ocupante, como se sabe, tentou com engenho e arte abortar a Operação Satiagraha.

Com os agentes a caminho da casa do passador de bola apanhado no ato de passar bola, do Pitta e do notável empresário do setor cambial Naji Nahas – veja aqui como este ansioso blogueiro derrotou Nahas na Justiça – o atual diretor-geral da PF tentou impedir que o ínclito delegado Protógenes Queiroz cumprisse uma ordem do corajoso juiz Fausto De Sanctis.

Gente finíssima !

Legalista !

Zé e a Polícia Federal, como dizem os americanos, são um acidente à espera de acontecer.

Cedo ou tarde, arma-se uma cama de gato para a Presidenta.

Clique aqui para ler o que este ansioso blogueiro disse, desde o início do Governo, sobre a necessidade de a Presidenta controlar o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, a ABIN e a Casa  Militar para evitar a cama de gato.

Ela poderia aproveitar a limpa do Palocci e do Zé e mandar embora o general Elito e seu nomeante, o Ministro Nelson Johnbim.

Elito é um general que não envergonha dos militares torturadores.

Johnbim é um vaso chinês.

Não manda nada.

Mas é outro acidente à espera de acontecer.

Se o PiG (*) instalar uma República do Galeão, de que lado ficará o Ministro da Defesa ?

Ao lado de Lacerda ou de Vargas ?

Melhor do que ninguém, a Presidenta sabe que o Allende nomeou o Pinochet, porque era de sua inteira confiança.

(A Presidenta acaba de ler o livro da Bachelet, ex-presidenta do Chile, que foi torturada, com o marido,  pelos militares chilenos então unidos aos brasileiros pela gloriosa Operação Condor.)

A Comissão da Verdade, por exemplo, amigo navegante.

Amigo navegante, você acha que o Zé Cardozo e o Johnbim moveram uma palha para aprová-la ?

Eles dançam o minueto, mas aprovar no Congresso ...

Palocci é a demonstração mais medíocre, provinciana, concupiscente da política brasileira.

Há paloccis em todo lugar.

Só um ficava sentado na poltroninha da Casa Civil.

Tão minúscula quanto a do Ministério da Justiça


Paulo Henrique Amorim



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.