Lessa desmoraliza Coutinho. O BNDES de que eu gosto
Saiu no Estadão, página J5, artigo irretocável de Carlos Lessa, que presidiu o BNDES no Governo Lula.
É o mais competente desmanche da operação Abiliô/Coutinho.
Lessa deixa claro:
- Luciano Coutinho, o Barão de Mauá da Burguesia Brasileira (a expressão é minha – PHA), ignorou os prejuízos que o BNDES teria com uma infindável discussão sobre obre a legalidade da operação.
E, antes de qualquer avaliação desta natureza, “não apenas avançou num comprometimento prévio com Abílio Diniz como lhe pôs nas mãos o poderoso argumento de R$ 3,7 bilhões”.
- Depois, Lessa desmonta a tese da “nacionalização do Pão de Açúcar” – o que a operação faz é aumentar o poder de arbítrio do Dr Abílio, restaurando seu DNA (o Abiliô disse que o Pão de Açúcar tem o DNA dele, o que não impediu – lembra Lessa – de vender o seu DNA ao Casino ...)
- Lessa passa um pito no Ministro Pimentel, que disse: “o Pão de Açúcar vai aumentar as exportações brasileiras”. Papo furado. O Pão de Açúcar importa mais do que exporta e o Carrefour, idem.
- A Ministra Gleisi Hoffmann leva outro pito, porque se apressou em dizer os US$ 2 bilhões não eram dinheiro publico, mas, sim, da BNDESPar, braço do BNDES em operações no mercado de capitais.
Diz o professor Lessa, emérito e Reitor da UFRJ: a BNDESPar é uma subsidiária 100% do banco e o BNDES é 100% do Tesouro.
Ou seja, grana do povo, Ministra (a reiteração é do ansioso blogueiro).
Lessa lembra que o BNDES não está aí para maximizar lucro.
(Isso era coisa do Governo Cerra/FHC, que mandou um presidente para o BNDES com a função de transformá-lo no Morgan Bank, de onde vinha ... - a observação é minha, PHA).
A primeira função do BNDES é “ampliar o emprego e a renda dos brasileiros”.
Conclui o professor Lessa:
“Tenho a preocupação de que se produza um desgaste na imagem do BNDES, o que seria um subproduto perverso da cogitada operação”.
Professor Lessa, o desgaste já houve.
A administração Coutinho, que o sucedeu, repôs a imagem de um banco “político”, “partidário” que os tucanos imprimiram ao BNDES e o senhor de lá retirou.
O BNDES dos tucanos ia salvar a Globo da concordata.
Tinha montado uma operação de empréstimo por conta de futuro aumento de capital – uma patranha.
Tão descarada, que o Roberto Civita, quando dela soube, por intermédio deste ansioso blogueiro, bradou “assim eu também quero !”.
No seu tempo, professor Lessa, o senhor disse à Maria Sílvia, que trabalhava para as empresas de televisão (com a Globo à frente) que do BNDES só sairia grana se os empregos fossem preservados.
E a Maria Silvia mudou de assunto.
O seu sucessor, professor Lessa, tem uma certa fixação ideológica no número US$ 2 bilhões.
Foi esse mesmo numero cabalístico que correspondeu ao cala-a-boca que o passador de bola apanhado no ato de passar bola, o Daniel Dantas, recebeu na operação da BrOi, outra trampa.
Agora, professor Lessa, o senhor, lamento dizer, gastou o seu latim.
A operação do Abiliô, provavelmente, transcende a lógica da Economia.
Professor, o senhor conhece o Mino Carta.
Em irretocável editorial, o Mino suspeita que o Tony Palocci seja o espírito santo de orelha da operação Abiliô.
Professor, a coisa pode ser pior do que o senhor imagina.
Paulo Henrique Amorim