Droga do Nem vinha de São Paulo. SP é o atacadão da droga nacional
O excelente produtor Ricardo Andreoni lembra a este ansioso blogueiro que faltou ressaltar um aspecto da reportagem que o Domingo Espetacular exibiu neste ultimo domingo: “Quem comprava cocaína do Nem ? Quem o Nem comprava ?”.
Além de fazer essas duas perguntas que a romaria de repórteres, âncoras, colonistas (*) e show-men da Globo se esqueceu de fazer na Rocinha, Andreoni e este ansioso blogueiro apuraram dois fatos centrais na questão do narcotráfico no Brasil:
1) Toda a droga que o Nem vendia provinha de São Paulo.
Nem não vendia crack.
Só vendia maconha, ecstasy e cocaína.
E vinha tudo de São Paulo.
Não vinha um grama do Rio ou de qualquer outro ponto do Brasil.
Tudo de São Paulo.
Nem foi preso poucos dias antes de fugir para São Paulo e, provavelmente, se associar ao PCC que, como se sabe, segundo o governador Alckmin, não existe mais.
É possível que o delegado e dois investigadores da delegacia de Maricá que disseram ter negociado a rendição de Nem quisessem – segundo avaliação de autoridade da Polícia Federal – levar Nem para São Paulo.
2) São Paulo é o entreposto da droga do Brasil.
É o atacadão.
Essa informação aparece na reportagem como declaração do delegado João Caetano de Araújo, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal.
Toda a droga “importada” vai para São Paulo e de lá é distribuída para o país inteiro.
A associação do Rio ao narcotráfico é uma obra da Rede Globo, nos bons tempos do Dr Roberto.
Para derrubar o governo trabalhista de Leonel Brizola no Rio, a Globo, especialmente os telejornais locais do Rio, aos poucos incutiu no Rio e no Brasil o estigma do “Rio, Capital do Narcotráfico”.
Este ansioso blogueiro costuma perguntar, como quem não quer nada.
Quem compra mais tela plana – o Rio ou São Paulo ?
São Paulo.
Quem compra mais pasta de dente ?
O Rio ou São Paulo ?
São Paulo.
Quem compra mais Nespresso ?
O Rio ou São Paulo ?
Agora, cocaína ... cocaína o Rio compra mais que São Paulo ...
A demonização do Rio faz parte, também, de uma política nacional de esvaziamento político do Rio, que é, historicamente, mal ou bem, um centro de uma resistência muitas vezes trabalhista.
(Embora o PT de lá não apite.)
Juscelino começou o desmonte do Rio, ao levar a capital para Brasília.
Que Deus o tenha, já que Brasilia não tem mais jeito.
Os militares desmontaram o Rio.
Dividiram o Rio e tiraram dinheiro do Rio. Com medo do Brizola.
O dinheiro dos royalties – como lembrou Brizola Neto outro dia – só chegou ao Rio quando Wellington Moreira Franco (que serve a todos os governos desde os militares, como serve ao atual) sucedeu Brizola no Governo do Rio.
A estigmatização do Rio serve muito à Globo: para atender às agencias de publicidade e ao GLOBOPE, que mede a audiência do Brasil inteiro em meia dúzia de aparelhos na Grande São Paulo.
Este ansioso blogueiro prefere o Abadia, aquele colombiano, especialista na materia: a melhor maneira de acabar com o tráfico em São Paulo é fechar a delegacia que combate o tráfico, o Denarc.
Em tempo: na inesquecível campanha presidencial de 2010 – clique aqui para ler as frases do capítulo I desta indigitada campanha e aqui as frases do capitulo II – o Padim Pade Cerra ameaçou invadir a Bolívia para acabar com o tráfico em São Paulo. Ameaçou criar – por sugestão de um lobbista do Daniel Dantas - o Ministério da Segurança. Mas, não fechou o Denarc. Ele é um jenio !
Paulo Henrique Amorim
(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.