De Sanctis dá curso de combate à lavagem. Nos Estados Unidos
O Desembargador Fausto De Sanctis foi convidado a participar, em Washington, por autoridades americanas da Justiça americana, de um Programa de Pesquisa na área de Lavagem de Dinheiro no Federal Judicial Center.
O FJC é o órgão de pesquisa, ensino do sistema judiciário federal americano, com natureza acadêmica e de pesquisa; sua missão é oferecer educação e treinamento para juízes federais, promove pesquisas e possibilita sua publicação.
O convite a De Sanctis é para aprofundar suas pesquisas sobre lavagem de dinheiro e, também, a utilização de obras de arte no processo de lavagem.
As autoridades que convidaram De Sanctis manifestaram interesse por esse tipo pioneiro de pesquisa e querem saber como aplicar lá.
Apenas dois juízes estrangeiros por ano são admitidos no Centro Judiciário Federal.
De Sanctis escreveu recentemente um livro técnico sobre a Parte Geral do Código Penal, e finaliza um segundo sobre Crimes Econômicos e Financeiros (lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro nacional/colarinho branco e de mercado de capitais).
Além disso, De Sanctis foi também convidado pela MONEY TRANSMITTER REGULATORS ASSOCIATION para palestrar em Kansas City, em nome do Brasil, enquanto membro da Justiça Federal.
O tema da palestra é o sistema judicial brasileiro e o tratamento das remessas de valores do e para o exterior.
Outras palestras - sobre lavagem de dinheiro e remessa de valores entre países - De Sanctis pronunciará para magistrados em Boston e em Seattle.
Segundo o convite, o sistema judicial americano precisa preparar-se para julgar os mecanismos cada vez mais sofisticados de realizar o trânsito ilegal de dinheiro entre países - e, nessa área, brasileiros se sobressaem e ficam impunes.
E De Sanctis - segundo os anfitriões - poderia dar importante testemunho sobre a experiência brasileira.
De Sanctis, se quiser, pode dar importante testemunho, de fato.
Como a Justiça brasileira tenta sepultar duas operações de lavagem de dinheiro, contidas nas Operações Satiagraha e Castelo de Areia, ambas julgadas por De Sanctis.
Pode contar como, depois de prender, por duas vezes, um banqueiro apanhado no ato de subornar um agente federal, foi implacavelmente perseguido pelo Presidente - o Presidente ! - da Suprema Corte de Jusitiça do Brasil, o mesmo que, em 48 horas, deu dois HCs ao banqueiro subornador.
De Sanctis pode contar que a Operação Satiagraha provavelmente foi detonada por um criminoso vulgar, Carlinhos Cachoeira - veja o que dizem o Nassif e a revista Época -, numa mirabolante lorota, a de um grampo sem áudio.
Dela participa, de novo e sempre, como suposta vítima de grampo policial ilegal, o ministro do Supremo que tem a ousadia de desmerecer colegas, juízes de primeiro grau e todo o Congresso.
De Sanctis pode contar como, horas antes de deflagrar a Operação Satiagraha, a cúpula da Polícia Federal foi a seu gabinete pedir que não mandasse prender o banqueiro subornador para não desfalcar as equipes de uma Olimpíada de policiais federais, prevista para a mesma época.
De Sanctis pode contar como, depois de prender o citado banqueiro, se tornou suspeito de grampear o Ministro do Supremo, com uma denúncia de magistrada brasileira.
De Sanctis poderá, se quiser, traçar um perfil de certa Justiça brasileira.
E de como certa Justiça brasileira protege lavador de dinheiro.
Se De Sanctis quiser.
Paulo Henrique Amorim