Corregedoria vai investigar Tribunal que arquiva ações contra Teixeira
Corregedoria da Justiça vai investigar Tribunal que arquiva ações contra Teixeira
publicado
09/03/2012
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Corregedoria da Justiça vai investigar Tribunal que arquiva ações contra Teixeira
O enigma da inocência absoluta cerca o nome de Ricardo Teixeira, que aparece 16 vezes nos arquivos da Justiça Federal do Rio de Janeiro. Até o INSS teve de acionar o cartola para reclamar de depósitos devidos pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), nos anos 90. O nome do cartola também está cravado em ações tributárias contra um bar e uma loja de carros. Mas nada chama mais a atenção que o volume de papéis oficiais que falam de lavagem de dinheiro e empréstimos internacionais suspeitos. O TRF da segunda região, responsável por recursos e habeas corpus passará por inspeção de corregedores federais, de 18 a 28 de março.
Em 2011 a associação de juízes federais (Ajufe) confirmou que mantinha relações diretas com a CBF "em projetos sociais" e no aluguel do campo da Granja Comari de Teresópolis. Recentemente, a Ajufe tentou limitar o poder de corregedoria do Conselho Nacional de Justiça, que apura enriquecimento ilícito de alguns magistrados.
Apesar de várias ações encaminhadas pelo Minitério Público Federal, Teixeira vem reforçando sua imagem de homem acima de qualquer suspeita, graças a uma série de recursos (habeas corpus) ganhos e que servem para trancar ações contra ele e sua família. Nesta terça-feira (6) ele garantiu mais uma vitória definitiva (transitada em julgado) no Tribunal Regional Federal. A última investigação federal por lavagem de dinheiro foi trancada por habeas corpus.
Tudo isso vinha sendo acompanhado de perto pelo procurador da República Marcelo Freire, que, promovido para Brasília, abandonou os processos no Rio de Janeiro. Agora, as investigações comandadas por Freire contra Teixeira deverão ser redistribuídas a outros procuradores criminais pelo MPF-RJ.
O enigma da inocência absoluta parece servir de blindagem corporal e moral ao presidente da CBF. E o Tribunal Regional Federal vem garantindo a Teixeira o trancamento das principais ações penais por lavagem de dinheiro.
O despacho da desembargadora Nizete Rodrigues Carmo (a favor do habeas corpus pedido por Teixeira) é esclarecedor quanto ao desgaste do sistema judiciário, especialmente no Rio de Janeiro, quando o assunto é investigar o presidente da CBF, sua riqueza e os negócios de sua família.
A desembargadora argumenta que “não há provas novas que sustentem um processo” contra o dirigente e sua família.
“Trancada a ação penal, por extinção da punibilidade e atipicidade da conduta, o desarquivamento ou a instauração de novo inquérito carece da comprovação de prova nova”.
O irmão de Ricardo Teixeira, Guilherme, aparece como procurador da empresa Sanud, no Brasil, empresa suspeita de trazer dinheiro de paraísos fiscais, na forma fraudulenta de empréstimos nunca quitados.
Mesmo assim, a desembargadora e todo o tribunal foram unânimes na decisão de trancar a investigação proposta pelo procurador da República, Marcelo Freire.