De Márcia a Daniel do BBB. Cotas raciais em altos cargos !
A propósito do post “Daniel, o novo herói Global”, o Conversa Afiada recebeu o seguinte comentário da amiga navegante Márcia:
Márcia Martins
Talvez Daniel repense sua opinião sobre cotas...
Afinal, depois de carimbado com a pecha de “negão tarado” como é que ele vai prosseguir com sua vida profissional normal?
Bem vindo à negritude, irmão. Eu sei desde os cinco anos de idade que sou “diferente”.
Uma coleguinha de brincadeiras começou a chorar quando a meninada da turma foi brincar de roda e eu – inocente, puro e besta – segurei na sua mãozinha. A menininha loirinha chorou e já olharam para mim desconfiados...
Puxa! Parece a sua história, mas – acredite – é a minha. Na verdade, a de milhões...
Como afro-descendente, gostaria que não houvesse necessidade das cotas, pois isso envergonha minha brasilidade. Mas sei que elas são cruciais para muitos brasileiros e brasileiras: ou por serem pobres, ou por serem, afro-brasileiros, ou por serem mulheres (cota na política), ou por serem deficientes físicos, ou por serem filhos de fazendeiros (cota denominada “Lei do Boi”, procure saber o que é...).
Meu pai foi um pequeno comerciante que conseguiu me dar alguma instrução. Você, nasceu com a estampa de “objeto sexual afro-brasileiro”. Cada um nasceu com uma pequena vantagem que o tirou da vala. No meu caso, a vala de esgoto a céu aberto do nordeste de Amaralina, em Salvador, não é uma mera figura de retórica.
Mas quantos estão na vala? Por que vala para uns e para outros não? Por que tanto esforço para sair da vala e ver tudo voltar à lama por causa de um faniquito de quem nunca pisou numa vala? Principalmente, por que tantos afro-brasileiros negam a extensão, profundidade e fedor da vala?
Mas se quiser, voltar à musculação e à mera vida de “modelo negro contra as cotas”, tudo bem. Dizem que você planeja processar a Globo por ter saído do programa. Não ouvi nada sobre processar por racismo, tudo bem, deixa para lá. “Malhação” (ou outro qualquer papel subalterno). Volte à vida de “modelo afro-brasileiro contra as cotas”! Tomara que tenha cota para isso...
(Clique aqui para ler "FHC fez o Apagão Elétrico para salvar criancinhas", ou uma Antologia da Treva, com textos de Ali Kamel, o mais poderoso Diretor de Jornalismo da empresa do Big Brothel Brasil. - PHA)
Em tempo: no Valor desta quinta-feira, Ricardo Paes e Barros, respeitado especialista em questões de renda e desigualdade, economista do IPEA, defende cota racial para altos cargos (o Ali Kamel vai ter um troço !):