Legalização do jogo. Por que o Tuma Jr caiu ?
Romeu Tuma Jr. prestou dois inestimáveis serviços, quando ocupou a Secretaria Nacional de Justiça, na gestão de Tarso Genro, no Ministério da Justiça.
(O cargo equivale a um vice-ministério da Justiça e não é por outro motivo que o Varão de Plutarco de Goiás, Demóstenes Torres a cobiçava.
Demóstenes cobiçava tanto que, segundo Ernani de Paula, para ajudá-lo, Carlinhos da Cachoeira, com a inestimável colaboração da Veja, detonou a crise do mensalão (que, segundo Mino Carta, ainda está por provar-se.
Clique aqui para ler “O mensalão melou. CPI tem que ouvir o Ernani”.)
Romeu Tuma Junior trouxe Salvatore Cacciola de volta ao Brasil, depois de agradável temporada na Itália e em Montecarlo, munido de generoso HC que lhe concedeu o Ministro Marco Aurélio (Collor de) Melo.
Outro banqueiro condenado foi alvo de Tuma Jr: ele congelou o dinheiro de Daniel Dantas no exterior.
Tuma Junior, portanto, estava marcado para morrer.
Mas, não só por isso.
O Congresso Nacional discutia a legalização dos bingos.
Tema que fazia parte da agenda positiva de Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres.
Acompanhe, amigo navegante, o que se passou numa “Audiência Pública para debater o Projeto de Lei 270, em março de 2010, que regulamentava os bingos no Brasil”.
Entre as muitas autoridades ligadas ao combate à corrupção, debateram membros do Ministério Público, o presidente do COAF, e o presidente da Caixa, maior especialista em exploração de loterias no Brasil.
A Caixa já havia sido encarregada de fiscalizar os jogos, após o fiasco retumbante das leis Zico e Pelé.
Romeu Tuma Jr., então Secretário de Nacional Justiça (SNJ), foi a voz mais alta contra o objeto de desejo do Carlinhos Cachoeira.
O Secretário não imaginava que, três meses depois, levaria um tiro no peito, de origem ainda desconhecida.
Ele apresentou pareceres técnicos da Secretaria para condenar a legalização do jogo.
Por exemplo, o Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro, órgão ligado à SNJ, considerava a proposta um convite ao crime financeiro.
Tuma Jr. citou os esforços feitos pelo Ministério da Justiça, no âmbito da Secretaria, para melhorar a imagem do Brasil no que diz respeito ao combate a crimes financeiros e à lavagem de dinheiro.
Entre essas medidas, a criação do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional — DRCI (criado pelo Decreto 4991/2004).
Esse Departamento nutre especial carinho por Daniel Dantas: congelou mais de US$ 1 bilhão do banqueiro no exterior.
Na Audiência, Tuma considerou a Lei dos Bingos um retrocesso.
O que provoca reveladora reação do deputado Dárcio Perondi (PMDB - RS): "Tomara que eu tenha-me enganado, mas, quando ouvi o Dr. Tuma... Que pena que ele foi embora! Mas que pena que ele foi embora! Mas ele terá acesso às notas taquigráficas. Aliás, a Polícia Federal já grava os nossos telefones; vai passar tudo para ele. Mas isto aqui é público. Isto é uma audiência pública! É lamentável, Dr. Tuma, o que o senhor fez em nome do Governo Federal ao dizer que não tem condições: “Não temos pessoal; não temos estrutura. Não é possível”.
Em seguida, o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) vem à carga: "Só lamento que esta seja uma audiência pública e que, por ser audiência pública, esteja sendo transmitida pela TV Câmara. E o telespectador da TV Câmara ouviu o próprio Secretário Nacional de Justiça dizer que não tem condição de combater o tráfico de drogas, o contrabando nem o tráfico de armas".
Três meses depois, Tuma Jr. saberia de sua demissão pelo telefone, após uma série de denúncias surgidas de um vazamento da Polícia Federal.
As denúncias envolviam o Secretário com a máfia chinesa (do Estadão) em São Paulo.
Na época, o Tuma trabalhava nos arquivos da Secretaria, onde há anos repousavam sob espessa camada de pó investigações que lembram historinhas da Disney: uma delas contra o Opportunity de Daniel Dantas e suas atividades na década de 90.
Cinco meses depois de despedido, Tuma foi absolvido pelo Conselho de Ética da Presidência.
Nesse meio tempo, o Opportunity conseguiu desbloquear todos os recursos retidos por Tuma.
Um mês depois, a Secretaria Nacional de Justiça reaparecia, agora na Veja, do Policarpo Júnior.
Eram grampos !
Os grampos comprometiam Tuma Jr. e seu sucessor, Pedro Abramovay.
Em plena campanha presidencial em que Dilma triturou Cerra e a Blá-blá-rina.
Clique aqui para ler “Demóstenes é a ponta do iceberg. CPI tem que ir mais fundo !”.
Paulo Henrique Amorim