Supremo tem 55 anos de atos de ofício
Liga de Bizâncio o Imperador Juliano, autor de um obscuro vade-mécum sobre Direito Civil.
- Estou muito impressionado, ansioso blogueiro, com a sua notícia de que o Ministro da Suprema Corte, Gilmar Ferreira Mendes reafirmou o princípio do “ato de ofício” para condenar servidor público.
- É verdade, Imperador. É o que eu chamo aqui neste irresponsável blog de “batom na cueca”. Tem que ter o batom na cueca...
- Me poupe, meu filho.
- Perfeitamente, Imperador.
- Você certamente há de ter percebido o alcance dessa recuperação.
- Confesso que não, Imperador.
- É que não se pode condenar alguém por “presunção de suspeição”...
- Ah! … deve ser o que o brindeiro Gurgel chama de “provas tênues”.
- Não sei a quem você se refere.
- Nem precisa, Imperador.
- Eu gostaria de observar, aqui com os botões do Mino Carta …
- É, o Mino tem a mania de falar com os botões...
- Aqui com os meus botões fiz uma conta elementar.
- Como assim, Imperador ?
- Veja bem, meu filho. Tente me acompanhar. O Ministro Gilmar tem dez anos de Suprema Corte.
- Sim, foi o que fez o Fernando Henrique Cardoso. Um dia ele pagará por isso.
- Mas, vamos em frente. Veja bem. O Ministro Marco Aurélio de Mello ...
- Collor de Mello …
- Como você quiser. O Ministro Marco Aurélio tem 22 anos de Suprema Corte. E o decano, Celso de Mello, tem 23.
- Desculpe, Imperador, mas, e daí ? Não alcanço.
- Meu filho, são 55 anos de fidelidade ao “ato de ofício”. Não há na biografia deles nenhuma condenação por “presunção de suspeição”.
- Sim, e daí, Imperador ? Para julgar o José Dirceu vale tudo.
- Não é bem assim, meu filho. Eles, esses três, os mais antigos e respeitados da Casa, tem uma biografia a construir. Não é assim, no vapt-vupt …
- Como é que é Imperador ? … vapt-vupt .. isso não é uma linguagem imperial.
- É que eu sinto muita falta do Chico Anysio.
- Todos nós, Imperador. Todos nós.
- Pois é, meu filho. O Celso de Mello, o Marco Aurélio e o Gilmar jamais condenaram um José Dirceu …
- Como assim ?
- Sem ato de ofício.
- Mas agora é diferente.
- Não é não, meu filho. Os três tem espelho em casa.
Paulo Henrique Amorim