Carta: os rastros de Dantas nos mensalões (os 2)
Saiu na Carta Capital:
REVISTA CARTA CAPITAL | A SEMANA
JUDICIÁRIO | SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Daniel Dantas vem à tona
“MENSALÃO" - Os rastros do banqueiro do Opportunity surgem no julgamento do STF
Eis que vem à baila o nome de Daniel Dantas a partir do voto da ministra Cármen Lúcia no julgamento do processo do chamado “mensalão” Segundo a magistrada, Emerson Palmieri, então primeiro-secretário do PTB, viajara a Portugal para garantir a realização do encontro de Marcos Valério, Rogério Tolentino e dele mesmo com representantes da Portugal Telecom. O ministro Ricardo Lewandowski pediu um aparte revelador. “Essa viagem à qual se dá uma importância muito grande está relacionada a outra questão, a outro esquema que precede este que analisamos agora. Envolve o Banco Opportunity e Daniel Dantas, e abasteceu outros mensalões anteriores em outras unidades da Federação”, disse o revisor.
Era uma referência aos mensalões tucanos, entre eles, o que abasteceu a campanha do PSDB para o governo de Minas Gerais em 1998. Anteriormente, o relator Joaquim Barbosa havia citado as acusações de Roberto Jefferson, segundo o qual representantes da Portugal Telecom estiveram no Brasil para um encontro com José Dirceu e Valério. O desencontro entre relator e revisor não é novidade. Novidade há, porém, no súbito surgimento em cena do banqueiro do Opportunity e de mensalões que precederam a denúncia de Jefferson em 2005.
Na quarta-feira 3, com o início da leitura dos votos relativos ao principal núcleo dos réus, parece claro que o relator condene todos, como vem acontecendo até agora. Costumeiras as divergências entre Barbosa e Lewandowski. Foi Marco Aurélio Mello quem saiu em defesa de Lewandowski e da instituição na terça 25. “O senhor tem de aguardar a manifestação de colegas”, disse Mello a Barbosa. E acrescentou: “Policie a sua linguagem”.
A afirmação do revisor quanto à falada viagem a Lisboa coincide com a reportagem de capa de CartaCapitál na edição de 10 de agosto de 2005. Furo n’água, como de hábito, pois a mídia nativa fecha-se em copas quando Carta- Capital parte para a denúncia. À época, a reportagem evidenciou os interesses do Grupo Opportunity no negócio. Uma das razões para que não tenha sido concluído é que Dantas pedira 300 milhões de dólares por fora, segundo executivos que participaram das conversas.
Valério viajou a Lisboa no momento em que outro interessado na venda, o Citibank, mostrou divergências com o Opportunity em relação à participação dos fundos de pensão. A viagem de Valério está de fato envolta em mistério. É “esdrúxula”, como disse Barbosa e concordou Lewandowski. Mas a telefônica portuguesa confirmou, em nota, que os contatos com Valério aconteceram “no contexto da Portugal Telecom estar potencialmente interessada na aquisição da Telemig”.
Apesar do nervosismo de Barbosa, a divergência do revisor mais uma vez resultou em votos pró-absolvição de alguns réus. Ainda faltam ministros a votar, mas a maioria condenou Jefferson e outros oito acusados por corrupção passiva. Houve, porém, divergências em relação às acusações de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Curiosamente, o ministro Gilmar Mendes absolveu seu conterrâneo de Mato Grosso, o deputado Pedro Henry (PP), de corrupção passiva. Foi o único a acompanhar o revisor.
Talvez tudo se oriente para penas comedidas, pela exclusão das acusações de lavagem de dinheiro. •
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E Lewandowski leva Dantas ao Supremo. É assim que começa.