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“Vuelos de la muerte”. A Argentina envergonha o Brasil

No Brasil, o Supremo julgou que a Lei da Anistia é constitucional. Portanto, os filhos dos que jogaram Rubens Paiva do avião acham que a tortura compensa.
publicado 16/12/2012
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A mais recente humilhação a que a Argentina submete o Brasil foi o Judiciário impedir que o Supremo metesse o bico na Ley de Medios -
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21412 – aprovada pelo Senado e a Camara.

Não é disso que se pretende tratar aqui.

Mas, do julgamento dos “vuelos de la muerte”.

Está em curso em Buenos Aires  o TERCEIRO julgamento dos crimes cometidos na Escuela Mecánica de la Armada (ESMA), um dos centros de tortura.

Estão nos bancos dos réus 68 indiciados.

SESSENTA E OITO !  

Nesse terceiro julgamento, recém iniciado, serão julgados delitos de LESA HUMANIDADE contra 789 pessoas, a maioria nos chamados “vuelos de la muerte”.

Prevê-se que o julgamento demore dois anos e ouça 900 testemunhas.

(O Conversa Afiada reproduz aqui trechos de reportagem de El País, de 10 de dezembro de 2012.)

Os marinheiros levavam os detidos em caminhões até um aeroporto perto de Buenos Aires, para vôos domésticos.

De lá, partiam vôos pilotados por integrantes da polícia de mares e rios.

As vitimas eram drogadas com pentotal, um barbitúrico que os sedava por completo, porém por pouco tempo.

(A tempo de ver que morriam afogadas.)

Elas eram empurradas nuas, com as mãos e os pés atados, encapuzados e golpeados.

Poucos corpos foram identificados.

Algumas delas faziam parte do grupo “Madres de la Plaza de Mayo”.

O primeiro e o segundo julgamento não tinham o alcance deste terceiro.

Mesmo assim, no segundo, por exemplo, foram condenados 16 militares e policiais por 85 casos de TERRORISMO DE ESTADO.

(As ênfases são Conversa Afiada.)

A maioria dos condenados no segundo julgamento voltou ao banco dos réus no terceiro.

Entre eles, Jorge Costa, El Tigre; Alfredo Astiz, El Ángel Rubio; e Juan Antonio Azic, que se apoderava de filhas de desaparecidos.

Passaram pela ESMA 5.000 sequestrados.

Os presidentes do regime militar foram todos condenados com a extinção da Lei da Anistia promulgada pelos presidentes Alfonsín e Menem.

E revista no Governo de Néstor Kirchner.

O mesmo Presidente que trocou ministros do Supremo Tribunal para lá enviados por Menem.



Navalha

Como dizia aquele anarquista espanhol sobre a ditadura franquista, hoje no poder, sob a forma de uma Opus Dei neoliberal.

O problema não é a anistia aos torturadores.

Mas o que a anistia significa para os filhos dos torturadores.

No Brasil, o Supremo julgou que a Lei da Anistia é constitucional.

Portanto, os filhos dos que jogaram Rubens Paiva do avião acham que a tortura compensa.

Um dos ministros do Supremo, (Collor de) Mello, considerou que o regime militar foi “um mal necessário”.

Viva o Brasil !

Paulo Henrique Amorim