Falcão: Globo julgou o mensalão. O do PSDB ? Nem pensar !
O professor Joaquim Falcão, da Faculdade de Direito de FGV, RJ, escreveu a orelha do livro – oh !, suprema honra ! - do Ataulfo Merval de Paiva (*), esse best seller que tem o prefácio do Big Ben de Propriá.
De uns tempos a essa parte, o professor Falcão preferiu incorporar-se a uma categoria de pensadores muito peculiar: são os “intelectuais orgânicos da Globo”.
É onde se encontra, por exemplo, aquele camaleão, o Caetano Veloso.
Na edição desta semana da revista (da Globo) Época, Falcão, com a costumeira inteligência, anuncia a edição de um livro sobre o mensalão (tomara que venda mais do que o do Ataulfo …).
E confirma o que sempre se soube: que a Globo condenou o Dirceu no Supremo.
Diz o professor:
– A opinião pública e a mídia tiveram nota 10 no julgamento (sic).
– Houve um avanço qualitativo (sic), que veio para ficar (a mídia substituir o Supremo): “uma mídia analítica, a favor da independência (sic) do leitor”. (Com essa nem o Ataulfo concorda … independência … ?)
– (Sobre a estratégia do relator Joaquim Barbosa de dividir o voto por núcleos) Foi para não desmobilizar a mídia. (O professor, educadamente, se refere à Globo como “mídia”.)
– A estratégia de Barbosa permitiu, primeiro, mobilizar a opinião publica (que o Paulo Moreira Leite chama de “publicada”).
– (E sobre o mensalão do tucanos? ) Depende da mídia, da opinião pública.
Ou seja, da Globo e do Merval.
Logo, julgamento do mensalão tucano … nem pensar !
E quando o Presidente Barbosa vai legitimar a Satiagraha ?
O repórter da Globo, educadamente, poupou o professor Falcão da incômoda pergunta.
Em tempo: o professor Falcão comete imperdoável equívoco. Para justificar o papel da Globo e seus 18' no linchamento do mensalão, ele diz: “em nome de quem a Suprema Corte (americana) resolveu apreciar o casamento gay ? Em nome da opinião pública”. “Opinião pública”, aí, não significa absolutamente nada.
Mas, o professor Falcão ignora a longa e sangrenta batalha dos gays americanos por seu reconhecimento nas Leis. Não foi um Ataulfo nem uma Globo que enfiou a faca no pescoço da Suprema Corte para julgar a matéria. Recomenda-se ao professor uma leitura superficial dos Stonewall Riots , de 1968 (!), em Nova York, para ver onde e como essa batalha começou. O que leva a crer que o professor não seja um especialista em “opinião pública” e muito menos em gays.
Clique aqui para ler sobre outra cobertura “independente” do Ataulfo Merval: o julgamento do Lula será sumário e os recursos do Dirceu serão rejeitados de plano”.
Em tempo2: Falcão fez parte da equipe de Fernando Lyra no Ministério da Justiça de Tancredo Neves. Clique aqui para ler “Fernando Lyra, o que importa é o rumo”.
E aqui para ler “PPS adere a Eduardo. Ou será o contrário ?”.
Paulo Henrique Amorim
(*) Até agora, Ataulfo de Paiva era o mais mediocre dos imortais da história da Academia Brasileira de Letras. Tão mediocre, que, ao assumir, o sucessor, José Lins do Rego, rompeu a tradição e, em lugar de exaltar as virtudes do morto, espinafrou sua notoria mediocridade.