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Comissão da 1/2 Verdade tem medo de Tio Sam

O tema do Memorial será a "Soberania", que Jango defendeu diante do Império e em nome do povo.
publicado 29/04/2013
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João Vicente Goulart está feliz, porque conseguiu o terreno em Brasília e vai começar a fase de captação de recursos para construir,  em frente ao Memorial JK, o Memorial João Goulart, sensacional projeto de Oscar Niemeyer.

Os dois, JK e Jango, se elegeram presidente e vice, em 1956.

Num surto lacerdista, o IPHAN implicou com o projeto, porque Oscar lhe aplicou em cima uma exuberante seta vermelha com o número sinistro: 1964.

Para convencer o IPHAN, Niemeyer escreveu breve e desaforado texto:

“Quem conhece a história de João Goulart sabe como ele foi violentamente afastado do seu cargo com o golpe militar de 1964, que durante vinte anos pesou sobre o nosso país. E isso eu procurei marcar na minha arquitetura, da forma mais clara, com uma grande flecha vermelha a atingir a cúpula projetada. Dentro do amplo salão de exposições seriam explicadas ao publico as razões desse deplorável acontecimento, as pressões do governo norte-americano que o reacionarismo de direita naquela época procurava atender.” Assinado, Oscar Niemeyer Soares Filho.

João Vicente pretende dar ao Memorial o tratamento de um espaço multimídia para explorar o tema que põe lacerdistas de toga, o gal Mourão de 2014 por exemplo, para correr: o tema da SOBERANIA.

SOBERANIA pela qual o grande presidente João Goulart, eleito segundo as regras da Constituição, lutou em seus diversos significados.

SOBERANIA de uma nação independente, altiva, que não se curvou ao Império (da época).

E respeito à SOBERANIA do povo, que ele defendeu desde os 34 anos, como Ministro do Trabalho de Vargas, quando deu um aumento de 100% ao salario mínimo, e, depois, quando Presidente, quando promulgou o 13º salario.

Ali, no reajuste do salário mínimo destroçado pela inflação, começou o Golpe de 64.

O Grande Democrata - segundo o Historialismo corrente -  Golbery do Couto e Silva, então coronel, redigiu o "Manifesto dos Coronéis" contra Jango, uma espécie de suma vinculante que o gal. Mourão utilizou em 1964.

João Vicente depôs na Comissão da ½ Verdade, com um depoimento desafiador, vibrante, emocionado.

E teve um contato com Paulo Sergio Pinheiro, presidente da Comissão que prefere trabalhar em silêncio cúmplice.

Joao Vicente ponderou que seria fundamental conhecer a Verdade sobre a trama que derrubou o pai e que, certamente, se encontra nos arquivos americanos.

Especialmente os dos presidentes Kennedy e Johnson que, segundo os Historialistas correntes, defenderam tenazmente a Democracia brasileira, a ponto de dar o Golpe ...

João Vicente não pode fazer isso, ele mesmo, porque entrou na Justiça para responsabilizar o Governo dos Estados Unidos pelo sucedido ao pai.

Pinheiro ponderou que a Comissão não tem dinheiro.

Joao Vicente, então, sugeriu uma parceria com a Comissão da ½ Verdade: ela daria o apoio formal  e o Instituto Joao Goulart, que funciona numa salinha em Brasília, ate que o Memorial se construa, captaria os recursos.

(Quem sabe, com um dos patrocinadores da F-1 ? )

Qual foi a resposta da Comissão da 1/2 Verdade, amigo navegante ?

NENHUMA.

O ansioso blogueiro tem uma suspeita.

A Comissão  da 1/2 Verdade parece acalentar um desejo dissimulado.

Fazer carreira internacional.

Ser uma especie de Comissão Desmond Tutu, da Africa do Sul.

O Tribunal de Nuremberg.

Fazer de cada um dos membros - com exceção de eventual gazeteiro - um Ernesto Sábato.

Só que a 1/2 Verdade, brasileirissimamente, sairia mundo afora a colher louros e cargos, e aqui deixaria um relatório secreto, discreto, elegante, cheiroso, sem abalar instituições ou a Lei da Anistia ao coronel Ustra.

E, muito menos, sem ofender a memória dos agentes americanos que vieram aqui ensinar e praticar tortura.

Esses estão, também, na prática e com 1/2s verdades, plenamente anistiados.

A pesquisa do João Vicente sera feita, um dia, por um pesquisador americano.

Ou argentino, quem sabe ?

Já que, provavelmente, cientistas argentinos conseguirão examinar o corpo exumado de Jango antes de qualquer brasileiro.

Ou 1/2 brasileiro.

Clique aqui para ver "Dossiê Jango".


Paulo Henrique Amorim