Brasil

Você está aqui: Página Inicial / Brasil / 2013 / 07 / 30 / Carlos da ABGLT e o Papa: “tenho esperança"

Carlos da ABGLT e o Papa: “tenho esperança"

A declaração do Papa pode dar legitimidade aos que defendem a comunidade gay.
publicado 30/07/2013
Comments


O Conversa Afiada entrevistou, nessa terça-feira (30), Carlos Magno, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, ABGLT.

Carlos Magno comentou a declaração do Papa Francisco aos jornalistas, no avião, na viagem de volta a Roma.

O Papa disse não ter autoridade para julgar os gays: “quem sou eu para julgar ?”.

Segundo o Papa Francisco, “os gays não devem ser discriminados”,  “devem ser integrados à sociedade”.

Para Carlos Magno, a declaração do Papa é uma mensagem de esperança, vinda de uma Igreja que dá sinais de mudança.

Segue a integra da entrevista em texto e áudio.


PHA: O que você acha dessa declaração do Papa, feita no voo de volta para Roma, que diz: “se uma pessoa é gay, tem boa vontade, e procura Deus, quem sou eu para julgá-la? O catecismo da Igreja explica isso muito bem, diz que eles não devem ser descriminados por conta disso mais integrados a sociedade”.


Carlos Magno: Eu recebi essa declaração com surpresa e fiquei feliz. Porque, na verdade, a declaração do Papa é bem diferente das declarações dos papas anteriores, que tinham uma posição bem radical sobre a aceitação da nossa comunidade.

Quando a gente vê um líder religioso dizendo que a nossa comunidade tem que ser incluída na sociedade, a gente tem até esperança de que a Igreja possa rever suas posturas.


PHA: Em que mudou a posição de um Papa da Igreja Católica?


Carlos Magno: Primeiro, porque o que a gente tem visto aqui no Brasil são líderes religiosos, principalmente os evangélicos, que não só são contra, mas atuam na sociedade contra qualquer avanço no reconhecimento de direitos – por exemplo, o pastor Marcos Feliciano e o Malafaia (Silas Malafaia).

Então, quando a gente vê um religioso (como o Papa) fazendo uma declaração dessa, a gente passa a ter esperança de ter aliados na base da Igreja Católica, aliados para a nossa luta.


PHA: Mas, no caso especifico da Igreja Católica, essa posição do Papa Francisco I é uma evolução por quê?


Carlos Magno: Eu acredito que tenha a ver com temas contemporâneos.

Eu acho que o movimento LGBT conseguiu pautar a sociedade na questão dos direitos, do combate à homofobia, à violência, e a Igreja precisa dar uma resposta, porque tem muitos homossexuais em sua base.

Hoje é difícil ter uma família que não tenha um homossexual, um amigo homossexual, e quando a Igreja fecha o diálogo com essas pessoas, ela afasta essas pessoas. Eu acredito que a Igreja esteja buscando o diálogo com a realidade.

PHA: Você diria que a Igreja Católica, no caso especifico aqui do Brasil, passará a adotar essa posição do Papa? Você diria que a Igreja Católica tem sido discriminatória com relação à sua comunidade?


Carlos Magno: A Igreja é diversa. Nós temos padres aliados, principalmente padres ligados às questões sociais que assumem a defesa dos direitos LGBTs.

Mas, isso não é uma posição oficial da Igreja: é mais uma ação individual de alguns religiosos.

Agora, sem dúvida, a declaração do representante maior, isso pode dar legitimidade a esses religiosos para que assumam abertamente essa luta junto com a gente.

Eu tenho esperança. Eu acho importante que a Igreja seja nossa aliada e não nossa inimiga.


Clique aqui e ouça a entrevista.

Conteúdo
Carlos-Magno.mp3 por redacao — última modificação 30/07/2013 18h40