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O Supremo já teve coragem

Quem quis enforcar o Arraes ? A história não registra.
publicado 22/08/2013
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A pressão que a Globo Overseas exerce sobre o Supremo por causa do mensalão (o do PT) é menor do que a dos militares logo após a intervenção de 1964.

(O Conversa Afiada evita a expressão “ditadura” militar porque, no Brasil, até isso foi redefinido no PiG (*).)

Logo após 1964, chegou ao Supremo o pedido de habeas corpus do Governador de Pernambuco, Miguel Arraes, encarcerado em Fernando de Noronha.

A relatoria coube a Evandro Lins e Silva.

O grande presidente João Goulart – quem o matou ? Geisel ? - foi tão Republicano que nomeou Evandro e Hermes Lima para o Supremo.

Os militares cercaram, a paisana, a casa de Evandro em Brasília.

Hoje, os microfones da Globo Overseas também cercam os ministros do Supremo, mas com microfones encapuzados ou colonistas (**) togados.

Brasília era uma cidade sitiada pelos militares – como hoje é pela Globo Overseas.

Então, Brasília tinha muitos janguistas e juscelinistas, todos sob ameaça.

Evandro deu o habeas corpus a Arraes.

Os militares ameaçaram desrespeitar a decisão.

O presidente do Supremo, o conservador Ribeiro da Costa, foi outro corajoso: disse que, se a decisão Suprema não fosse respeitada, ele fechava a Corte e entregava a chave ao guarda na portaria.

Os militares se curvaram.

A Globo Overseas não se curvará, se Dirceu não for enforcado.

Arraes asilou-se na embaixada da Argélia, voltou ao Poder em Pernambuco, aliou-se a Lula e deixou uma descendência política que, hoje, o desmerece.

Todo livro de Historia registra o episódio e exalta Evandro e Ribeiro da Costa.

Os que queriam enforcar Arraes foram depositados numa anônima nota de pé de pagina.

Em tempo: como se sabe, os militares conviveram com Evandro e Hermes por um tempo.

Ataulfo Merval de Paiva (***) não reconheceu a nomeação de Teori Zavascki, a tempo de votar a dosimetria, aquela que, a certa altura, o Ministro Barroso considerou “fora da curva”.

E Teori não conseguiu votar.

Os militares, para neutralizar Evandro e Hermes, aumentaram o número de cadeiras no Supremo e para lá mandaram dois liberais da UDN: Adauto Lucio Cardoso e Aliomar Baleeiro.

Os liberais de então eram mais liberais que os de hoje.

E Adauto e Aliomar passaram a acompanhar os votos de Evandro e Hermes, de estatura jurídica que hoje, não se percebe no Supremo.

Por isso, os militares aposentaram Evandro e Hermes.

Quem os substituiu ?

A História não registra.

Não deixe de ler “Janio critica Barroso – ué, ele não é Juiz ?”.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (*) que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(***) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse. Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos,  estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance "O Brasil".




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