O STF é que foi julgado
A sessão que decidiu prender o Dirceu já foi um exercício no caos.
E no ineditismo.
Nunca Dantes, na História do Supremo, se inovou tanto para atingir o objetivo de encarcerar o Dirceu, o arquiteto da obra política que governa o Brasil – para os pobres – desde 2002.
Encarcerar de preferência com algemas, se depender a opinião do Gilberto Freire com “i” (*), diretor de jornalismo do Supremo, e seu êmulo na batalha de seduzir o patrão – clique aqui para ler o depoimento do Paulo Nogueira sobre a matéria, o Ataulfo Merval de Paiva (**), o decimosegundo Ministro.
Clique aqui para ler “Como o PiG se fez Juiz do mensalão”.
Breve será possível fazer a autopsia deste Golpe bem sucedido, que foi a cassação da liderança do PT.
Só sobram – por enquanto – o Lula e a Dilma.
Mas, é possível também extrair alguns benefícios da sessão que acabou por condenar este julgamento de exceção a seu lamentável lugar na Historia – o da Exceção.
O Supremo, com a ajuda da TV Justiça (um escárnio à Democracia) se mostrou em close up.
É o que é.
Uma Corte de partido.
O da Big House.
Mas, há o beneficio de o encarceramento do Dirceu realizar-se um ano antes da eleição de 2014, que poderá ser histórica para o PT.
Até lá, as imagens do Dirceu algemado – se o secreto desejo do diretor de jornalismo da Globo se realizar – terão perdido a força da novidade estarrecedora.
O presidente Joaquim Barbosa não repetiu a metodologia de seu antecessor , o Big Ben de Propriá, que condenou Dirceu, na primeira vez, na hora em que o eleitor de São Paulo elegia Haddad contra o eterno Padim.
Obtido o encarceramento do Dirceu, o presidente Barbosa pode se sentir com autoridade e poder de legitimar, imediatamente, a Operação Satiagraha, que lança luz ofuscante sobre as atividades do Valeriodantas e a Operação Castelo tucano na Areia.
Enquanto apressa o julgamento do mensalão tucano, mais velho que o do PT e, nem por isso, na parada de sucessos.
O bem sucedido Golpe para degolar a liderança que construiu o PT ao lado do Lula deve ter ensinado ao PT a amarga lição: saber escolher ministros do Supremo e Procuradores Gerais.
Quem está na lista da Presidenta Dilma para suceder o ministro decano Celso de Mello ?
Vai depender o Sigmaringa, do zé da Justiça, do Palocci, king makers do PT?
Está na hora de fazer a limonada.
Paulo Henrique Amorim
(*) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com “ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.
(**) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse. Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos, estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance "O Brasil".