Mao e a Ley de Medios. A derrota do mensalão
- Por que o PT, os senadores do PT que se calam diante do Gilmar, o Lula, a Dilma não reagem às arbitrariedades do Barbosa … “Semi-aberto” vira prisão perpetua, o Genoino é torturado física e moralmente … Por que a imobilidade, a passividade ?
O ansioso blogueiro dirigiu a pergunta ao Oráculo de Delfos, de passagem por São Paulo.
- Você já leu o “Red Star over China” ? Aquele livro do primeiro jornalista ocidental, o Edgar Snow a entrevistar o Mao, lá por 1936, pouco depois da Longa Marcha ?
- Desculpe a minha infinita ignorância, caro Oráculo.
- Vou te explicar. Mao decidiu evitar grandes e decisivas batalhas contra Chiang Kai-shek. Nada de batalha frontal. A estratégia dele sempre foi a guerra de manobras, com recurso a guerrilhas.
- Desculpe, Oráculo, mas não o alcanço.
- Chego lá, meu filho. No combate frente a frente, todas as forças contra todas as forças do inimigo, Mao perdia. Era preciso evitar o tudo ou nada.
- E o Genoino, Oráculo, por favor.
- O mensalão foi perdido lá atrás.
- Sim, e o Mao ?
- Lá atrás, no primeiro Governo Lula. Ali, Chiang Kai-shek reuniu todas as suas forças. O que você chama – acertadamente, aliás – de PiG …
- Obrigado, Oráculo.
- De um lado estavam o PiG, o Ministério Público, a Justiça, a Polícia Federal e o Congresso conservador. Todas as tropas de Chiang Kai-shek.
- E o Mao, Oráculo ?
- O Mao não teria ido a esse combate, meu filho.
- Como enfrentar Chiang Kai-shek, então ?
- Antes disso, observe que sem a Ley de Medios era impossível enfrentar o avanço das tropas do Kuomintang. Agora, a batalha está perdida. O máximo que dá para fazer é levantar esse dinheiro do Genoino para demonstrar que ele não está sozinho.
- Mas, o que dava para fazer, lá atrás, segundo esses princípios do Mao ?
- Tinha que ter feito a Ley de Medios. Tinha que ter a opção fundamental, a análise correta das relações de força: o inimigo principal é a ocupação japonesa e seu instrumento, Chiang Kai-shek.
- Mas, talvez, nesse ponto, a Dilma tenha razão: as “forças produtivas”, o desenvolvimento da tecnologia, o Sisu, o ProUni, tudo isso vai substituir a Ley de Medios e esvaziar o poderoso batalhão da Globo Overseas.
- Over o que ?
- Deixa pra lá, Oráculo. Ela tem razão ?
- Não. Ela não leu o Mao …
- Como assim ?
- Chiang Kai-shek é muito poderoso com ou sem a audiência da Globo. Tem Chiang Kai-shek no Supremo, no Ministério Público, enrustido na Polícia Federal … No PMDB... A única forma de enfrentá-los é evitar o combate frontal. Ir para a manobra, a guerrilha, espaço por espaço, com a força demolidora de uma Ley de Medios que, aos poucos, manobra por manobra, mine a resistência do inimigo, enfraqueça seu moral.
- Mas, imagine que a Dilma no segundo mandato faça uma Ley de Medios.
- Duvido. Mas, se fizer, será o começo da vitória na batalha do mensalão.
- Ué, mas ela não já está perdida ?
- Não, vai ser preciso ainda escrever a história do julgamento de exceção. E isso não pode demorar tanto quando demorou a recuperação do Jango. Tem que ser já.
- Quer dizer que o mensalão foi perdido porque o Lula enfrentou Chiang Kai-shek num combate frontal …
- E sem instrumentos de combate.
- Quais ?
- A Ley de Medios. E, ao lado da Ley de Medios, ações de guerrilha, de trabalho incansável em todos os cantos.
- E quem fará isso, a guerrilha ?
- Os blogs, o Facebook, o celular, a rádio comunitária e todos os mecanismos à disposição da liberdade de expressão. A Ley de Medios na frente e a guerrilha por trás.
- Você confia muito numa Ley de Medios. E se o Congresso esvaziar um eventual projeto da Dilma ?
- Basta mandar o projeto ao Congresso e abrir o debate. Levantar a tampa da panela quente, borbulhenta e deixar os Urubólogos, Mervais, os de múltiplos chapéus e Jabores saírem pelas bordas, com o calor... Põe o bloco na rua e faz barulho. Chiang Kai-shek vai dormir mal.
- Mas, isso é muito pouco para enfrentar as forças de Chiang Kai-shek aquarteladas no Supremo...
- Você conhece o fim da história do Mao contra o Chiang Kai-shek ?
- Sim, Mao derrotou o Japão, tomou o poder na China, e, com a ajuda dos americanos, Chiang Kai-shek foi governar a Ilha de Paquetá.
- Rapaz sabido …
Pano rápido.
Paulo Henrique Amorim