Anistia: trocar os ministros militares, já !
A propósito do importante artigo do professor Luiz Cláudio Cunha em “Brasileiros” - “por que os generais brasileiros não fazem o mea-culpa, assim como fez a Globo?” - o Conversa Afiada recebeu o seguinte comentário de amigo navegante:
O (Celso) Amorim padece do mesmo problema do Jobim, que você chama de Johnbim.
É mais ministro da defesa dos generais do que Ministro da Defesa do Governo.
Que a passagem dele no Ministério da Defesa não deslustre sua excelente gestão de chanceler.
Acho bela ideia uma renovação geral nos comandos, alinhados com a modernidade e as exigências de um tempo mais sensível à justiça de transição.
Lula escalou o trio – o general Peri, almirante Moura e o brigadeiro Saito – e eles parecem, como diria o Magri, “imexíveis”.
A fila anda, tem gente mais nova à espera na hierarquia.
Oficiais mais sintonizados com a ideia de República, ligados à modernização da Defesa e, não, com a “defesa do mundo livre – americano – contra a hidra do comunismo soviético”.
A mudança dos comandantes certamente daria este arejamento (em relação à revisão da Lei da Anistia), tão necessário para sair desse atoleiro onde se assenta a impunidade.
Tenho certeza de que a revisão da anistia seria bem mais viável com comandantes modernos, o que libertaria o Supremo – alguns ministros, pelo menos – de certos temores para proceder à necessária revisão da auto-anistia, tão brazuca.
O problema é que dona Dilma não vai mexer neste vespeiro, até pra não contrariar o assustadiço Lula, que escalou o trio e não permitirá qualquer mudança.
O calendário também não ajuda: o período eleitoral não inspira Dilma a fazer qualquer remelexo na área, para não fazer marolas à direita.
O mandato da CNV termina no final do ano – que bom que vamos nos livrar do tucano José Carlos Dias e do Zé Paulinho, a grande decepção pernambucana - e seria ótimo que a Dilma aproveitasse esta janela histórica para cozinhar o bolo que o país espera dela.
Tua conclusão é correta: com este trio de comandantes nada muda.
É mais fácil mudar o Supremo do que o “supremo comando militar”.
E a Dilma, com o trauma de ser ex-guerrilheira e torturada, teme botar a colher lá.
Uma pena.
Tem que aumentar o caldo.
Como diz o Luiz Cláudio, deixar mil Comissões da Verdade florescer.
Porque temos que dar mais vazão a isso até chegar ao nível do dilúvio, que leve de roldão a omissão do Planalto e arraste o Supremo, o Congresso e a opinião publica para as margens plácidas da Verdade e da Justiça, que afogarão a impunidade.
Saudações indignadas