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1964, o ano que não terminou

A ascensão da Classe C, o papel do Estado, da Petrobras e uma Ley de Medios - está tudo aí.
publicado 08/04/2014
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1968 foi o ano que terminou.

No Maio de 1968 na França e em seus desdobramentos mundo afora – no Brasil, inclusive.

Ficou um retrato na parede.

Discuti-lo em 2014 ou em 2018 será uma reflexão de intelectuais – ou pseudo …

1968 não tem nada a ver com o que se passa hoje.

Está lá, dentro de uma caixa.

Embrulhado em Verdes.

1964 não terminou.

A “descomemoração” dos 50 anos do Golpe permitiu, primeiro, reconstruir a imagem de Jango. (Clique aqui para ir ao “Dossiê Jango”.)

Não se viu ninguém escrever ditirambos a Castello, Costa e Medici, nem, sequer, a Geisel e Golbery, o sacerdote e o feiticeiro da fundação da Democracia brasileira...

Ao contrário, os 50 anos permitiram reavaliar responsabilidades e sobressaiu-se a dos Estados Unidos no “dia que durou 21 anos”.

Mas, o debate sobre 1964 não está encapsulado na História.

Está vivo.

As reformas de base, magistralmente descritas pelo professor Gilberto Bercovici.

A tentativa de fazer Reforma Agrária para criar um mercado de massa.

A incorporação dos pobres, analfabetos e sargentos à vida política – e eleitoral .

A política externa independente.

O papel central da Petrobras na industrialização do Brasil.

O papel do Estado na Economia – mínimo, tão pequeno que se possa afogar numa banheira; ou indutor, financiador, líder, como em Vargas ?

Está tudo aí, nos debates deste dia – clique aqui para ler sobre a Odebrecht e os economistas de bancos.

E o que precisa ser reavaliado, até pelos janguistas e brizolistas: a Ley de Medios, cujos contornos Jango definiu ao apor 52 vetos – todos recusados – ao projeto de um Código Brasileiro de Telecomunicação, que veio do Congresso, sob a liderança de João Calmon, empregado de Chateaubriand.

A Abert, que, hoje, é um braço desarmado da Globo Overseas, foi fundada para celebrar a derrubada dos 52 vetos de Jango.

E o que há de mais atual, que a necessidade de uma Ley de Medios, para substituir esse Código de 1962 (!!!), e que está em vigor até hoje ?

(Onde não há lei, o leão reina, não é isso, Gilberto Freire (*) ?)

Clique aqui para ler "Barbosa quer Ley de Medios e peita a Globo".

E aqui para ler "Venício: em defesa da democratização dos meios de comunicação".

Há uma diferença Central (com caixa alta, por favor, revisor, obrigado).

Uma diferença Central entre 1964 e 1968.

Em 1964 tinha trabalhador na rua.

Na Central.


Paulo Henrique Amorim

 


(*) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com “ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.