Repórter da globo: ordem é ouvir só o Paulinho da Força
O Conversa Afiada reproduz texto do Escrevinhador:
Repórter da Globo resolve ser sincera: “a ordem é ouvir só o Paulinho da Força”
A informação apareceu primeiro no facebook de Marize Muniz, assessora de imprensa da CUT. Ela contou o que aconteceu nesta quarta-feira (9/abril) quando uma repórter da Globo, destacada para cobrir a manifestação das centrais sindicais no centro de São Paulo, teve um infeliz ataque de sinceridade. Vejam:
(por Marize Muniz, via facebook)
“Deu dó. Sempre tenho pena de pessoas inocentes.
Foquinha da TV Globo gravou sonora com os caras da Força Sindical (do Aécio Neves), na Praça da Sé, durante manifestação de seis centrais sindicais.
Aí, um militante cutista foi lá e perguntou: e a CUT, você não vai ouvir ninguém da maior central da America Latina?
A pobrezinha respondeu: Tenho ordens da redação para só ouvir os caras da Força.
Foi um quiprocó danado e a bichinha teve de ir embora do local.”
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Resolvi checar a informação com outros manifestantes. E aí vieram mais detalhes. A jovem repórter da Globo – movida por ingenuidade, como sugere Marize (ou, quem sabe, por arrogância) - teria dito, com todas as letras, que estava ali só para entrevistar o “Paulinho da Força”. Essa teria sido a instrução recebida, ao sair da Redação.
Como se sabe, Paulinho é o presidente de central sindical mais crítica ao governo Dilma. Rompeu com o governo, e declarou que vai apoiar Aécio (PSDB) a presidente.
Não há problema nenhum em entrevistar o Paulinho. Afinal ele é o presidente legítimo de uma central sindical importante. O problema é a repórter de uma TV que é concessão pública revelar que tinha instruções claras para entrevistar apenas Paulinho da Força.
Um militante da CUT teria insistido, apresentando: “olha, essa aqui é nossa vice-presidenta, a Carmen, você não quer ouvir a CUT?”
A jovem repórter teria respondido: “não, a orientação é ouvir só o Paulinho da Força”. A jornalista foi então vaiada e hostilizada pelos manifestantes – que passaram a gritar o tradicional “o povo não é bobo, fora a Rede Globo”.
“Ela não fez a entrevista. Ficou com medo e correu para uma agencia do Bradesco do outro lado da rua”, contou-me um manifestante com quem conversei há pouco.
Os manifestantes registraram a cena da jornalista escondida na agência – como mostram as fotos que o Escrevinhador publica com exclusividade.
Poucos minutos depois, Paulinho chegou e foi dar a entrevista, dentro da agência bancária. Manifestantes ligados à CUT seguiram vaiando e fotografando. Um segurança (da Globo? da Força Sindical?) teria se aproximado de uma manifestante que fazia as fotos, e tentado tomar o celular das mãos dela. Não conseguiu. Aparentemente, a jornalista também não conseguiu gravar com Paulinho da Força…
O caso revela algumas coisas:
- a Globo (sob comando de Ali Kamel – aquele que adora processar blogueiros) segue pretendendo controlar a realidade; se é inevitável cobrir a manifestação, que se dê voz só aos amigos da casa e aos inimigos do governo petista;
- os jornalistas da Globo já foram mais espertos; por que a jovem repórter teve aquele ataque de sinceridade? Podia ter feito a entrevista com a dirigente da CUT, e a Redação depois se encarregaria de cortar…
Mas jornalistas criados no ar-condicionado, sem vivência de rua, talvez acreditem que ao carregar o microfone da Globo podem qualquer coisa; vão-se distanciando do mundo real, e acabam surpreendidos quando enfrentam uma situação dessa.
A Marize (que foi chefe da pauta da Globo, tem experiência de sobra) ficou com pena da moça. Eu também fiquei.
Por outro lado, fiquei feliz porque agora uma história dessa não passa em branco. A Globo mente sem parar no JN, JG etc. Mas, pelo menos nesse caso, as fotos e o relato completo estão na internet. A mídia velhaca já não fala sozinha…
Em tempo: o ato das centrais foi um sucesso em São Paulo; reuniu 10 mil pessoas segundo a PM, ou 40 mil segundo os manifestantes.
Entre as reivindicações, estão: redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário, manutenção da política de valorização do salário mínimo, fim do fator previdenciário, redução da taxa básica de juros e correção e progressividade da tabela do Imposto de Renda.
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