Herança do FHC: internet não é a da Coreia
A Presidenta Dilma anunciou na CNI – onde deu uma surra - que quer uma internet tão eficiente quanto a da Coreia do Sul.
E por que não é ?
Por causa do Príncipe da Privataria.
Lá pelos anos 1997 e 98, o Governo (o bom e velho Estado) da Coreia do Sul investiu US$ 20 bilhões e levou a internet a todas as casas da Coreia do Sul.
Nessa mesma época, o Príncipe da Privataria realizou a patranha da privatização das teles.
Privatizou o que já estava velho, o telefone fixo !
Além das conhecidas patranhas, hoje cristalizadas no desastre da Oi e da Portugal Telecom, a privataria do Príncipe seguiu um plano elaborado pela consultoria americana McKinsey.
Concluída a privataria, os mesmos funcionários da McKinsey foram trabalhar nas beneficiárias da privataria.
Viva o Brasil !
Hoje, 16 anos depois, o Brasil tem que correr atrás da Coreia para fazer o que o Príncipe destruiu.
(Porém, a mais maldita das heranças do Príncipe o amigo navegante sabe qual é …)
Dilma quer 50 megas de largura de banda.
É porque a rapaziada cada vez faz mais vídeo – e menos vê os vídeos da Globo – e vídeo exige mais banda.
A Presidenta decidiu que vai fazer o leilão da 4G faça chuva ou sol.
Quem está contra ?
Primeiro, a Telefónica de Espanha, que precisa dizer ao CADE que chapéu vai usar: se fica sócia ou se é concorrente da Italia Telecom.
Segundo, a Oi, ou BrOi, que não tem dinheiro pro cafezinho.
O único jeito de a BrOi entrar na 4G será com dinheiro do Estado.
Ou seja, vai acelerar o processo de re-estatização da telefonia no Brasil.
(Nesse dia glorioso, a Dilma, no segundo mandato, deveria convidar o Príncipe para a solenidade...)
Quem também morre de medo do 4G é Globo.
Por que ?
A Globo precisa, agora – na edificante companhia das teles, implacavelmente vigiadas pelo Bernardo Plim-Plim (ou será Trim Trim?) – impedir que se instale a tecnologia 4G no Brasil.
Por que ?
E se houver um “apagão” do analógico, com a introdução da 4G: se todas as transmissões analógicas forem cortadas em 2015, como previsto ?
Quem não tiver aparelho digital não verá mais tevê.
E a Globo não tem ideia de quantos brasileiros compraram digital.
Nem quantos ainda tem analógico.
Vai dar um nó no Globope.
E sem Globope e BV a Globo Overseas vai pro saco.
A Globo não sabe quantos espectadores pode perder com o 4G !
E, por isso, ela não quer que a Presidenta Dilma instale o 4G.
E você, amigo navegante, que comprou uma tevê digital e quer assistir a seu filme, seu joguinho de futebol, não vai poder usufruir do 4G, porque os filhos do Roberto Marinho precisam trocar o jatinho !
Viva o Brasil !
É por isso que os Ataulfos (*) e os Gilberto Freires com “i” (**) estão aflitos...
A Globo está ficando parecida com o telefone fixo !
E clique aqui para ler “o PT deve uma Ley de Meios ao Brasil !”.
Paulo Henrique Amorim
(*) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse. Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos, estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance "O Brasil".
(**) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com “ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.