Campos: Ataulfo (*) cristianiza Aecioporto
Liga o Vasco, entre perplexo e desolado, para contar o que tinha acabado de ouvir na rádio que troca a notícia.
O âncora noticiava a morte de Eduardo Campos.
Chamou para comentar o famoso imortal Ataulfo Merval (*).
Conta o Vasco que Ataulfo foi rápido e afirmativo.
A morte de Campos, disse o imortal, altera dramaticamente o quadro eleitoral.
A volta de Bláblárina à disputa promoverá uma reorganização nas camadas geológicas da política brasileira.
Vasco ficou atônito.
Nem um voto de pesar.
Atônito ficou o âncora.
Desconcertado.
E, imediatamente, mudou de assunto, ruborizado de constrangimento.
Constrangido também deve estar o Aecioporto, devidamente cristianizado pela Globo.
Paulo Henrique Amorim, com a valiosa colaboração do Vasco
(*) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse. Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos, estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance "O Brasil".