As condições da Bláblá: a última fraude
A Bláblárina impôs (sic) condições ao Arrocho Never.
Me engana que eu gosto.
Primeira condição.
Preservar as conquistas do passado.
Quer dizer, não mexer na vitoriosa política de inclusão do Lulilma.
Reforma política com o fim da reeleição.
E um programa de sustentabilidade: a sustentabilidade se sustenta no sustentável.
É uma fraude.
Preservar o Bolsa Esmola, como dizia o PSDB (e depois se arrependeu... Veja “em tempo): ninguém é louco de anunciar que vai mexer naquilo que o PiG (no ABC do C Af) considera a única bala na agulha da Dilma.
Acabar com a reeleição é chover no molhado.
No acordo já foi firmado entre Eduardo e Aécio, isso estava previsto: quem se elegesse abriria espaço para outro, depois.
E defender a sustentabilidade é o mesmo que defender a luz elétrica.
Desculpe, não é.
Porque a Bláblárina faz severas restrições à luz elétrica derivada da hidro-eletricidade.
(Vote na trepidante enquete.)
É o mesmo que oferecer ao Arrocho trocar a Savasi pelo Leblon.
Moleza.
Trata-se, portanto, de uma fraude enrolada num embuste, escondida na gaveta do ódio.
A Bláblá e o PSB, formalmente, vão para o aconchegante colo do NauFraga, onde se reúnem os interesses mais genuínos da Casa Grande que representam.
O que não significa que os votos dados à Bláblá sigam todos na direção do Arrocho.
Disso até o Ataulfo (no ABC) sabe.
O que está escrito em mármore é que se concretizou a maldição prevista pelo presidente do PSB, Roberto Amaral, outro traíra, que serviu ao Lula: o PSB será, sim, Viagra do PSDB.
E, como disse a Presidenta, quem disse que os eleitores dela vão para ele ?
Se uma das consequências do Bolsa Família (que eles chamavam de Esmola) foi exatamente acabar com o “voto de cabresto” aplicado, especialmente às mulheres ?
Em tempo: para reavivar a memória de tucanos e petistas (vejam que está aí o fundador do trairismo ao Lula: Cristovam Buarque), o Conversa Afiada republica excelente descoberta do infatigável Stanley Burburinho:
Bolsa Esmola – Editorial
13 de setembro de 2004
Para um governo comandado por um partido que historicamente se fortaleceu sob a bandeira da redenção dos pobres de todo o país, o balanço das políticas federais de inclusão social tem sido profundamente desapontador.
O programa Fome Zero, eixo central do discurso de campanha do então candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, sofre de inanição desde a sua festejada criação e atabalhoada execução. Para superar as deficiências congênitas, o governo, sensatamente, uniu-o ao Bolsa Escola, formando o Bolsa Família – em resumo, a unificação de vários programas assistenciais, a maioria já existente na gestão de Fernando Henrique Cardoso, como o Bolsa Alimentação, o Cartão Alimentação e o Auxílio Gás. O que parecia uma saudável correção de rota tem sido enxovalhado pela evidência de que o governo deixou de fiscalizar, por exemplo, a freqüência em sala de aula dos alunos beneficiados pelo Bolsa Família.
O principal programa social petista reduziu-se, enfim, a um projeto assistencialista. Resignou-se a um populismo rasteiro. Limitou-se a uma simples distribuição de dinheiro, sem a contrapartida do comparecimento à escola, condição fundamental para que populações excluídas tenham maiores possibilidades de emprego no futuro, com elevação da renda de maneira produtiva. A ausência de controle também deixa o programa vulnerável a desvios e pouco propício à avaliação de resultados e correção de rumos. Uma expressão do senador Cristovam Buarque (PT-DF) resume o problema: “O Bolsa Escola virou Bolsa Esmola“.
Exposta a crise, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou, no fim da semana passada, que o chefe da Casa Civil, José Dirceu, assumirá o comando das discussões internas para resolver as falhas na execução do programa. Presidente da Câmara de Política Social, da Câmara de Desenvolvimento Econômico e de outros 19 grupos coletivos dedicados a reuniões na Esplanada dos Ministérios, Dirceu convocará os ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), Humberto Costa (Saúde) e Tarso Genro (Educação) com o objetivo de encontrar uma solução conjunta para a falta de controle. Deseja-se que novos rumos não sejam turvados pelo hábito palaciano de perder-se em extensos e contraproducentes debates internos.
Três exigências seriam originalmente necessárias para as famílias que recebem o benefício do Bolsa Escola: freqüência escolar, vacinação e acompanhamento de gestantes. A última checagem, admitiu o governo, é de 10 meses atrás. (Tais falhas, convém lembrar, vêm desde a gestão de FHC). Enquanto isso, os três ministérios envolvidos com o programa seguem batendo cabeça sobre as atribuições de cada um no controle das contrapartidas.
Trata-se de um símbolo tristonho da negligência governamental para aquela que seria prioridade absoluta da atual gestão. Os entraves dos programas sociais do governo federal são a evidência clara de uma política embotada pelo apego a números que podem render dividendos políticos musculosos, porém com eficácia social bastante questionável. São 4,5 milhões de famílias beneficiadas, orgulha-se o Palácio do Planalto. O risco é que, ao fim do mandato petista, boa parte delas continue à espera da esmola presidencial.
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Paulo Henrique Amorim