"Ladrão de carreira" se diz "enojado"!
O Conversa Afiada reproduz artigo de Fernando Brito, extraído do Tijolaço:
“Ladrão de carreira” se diz “enojado” em 2009 e continua roubando até 2012?
Assisti, estarrecido, o depoimento de Paulo Roberto Costa à CPMI do Congresso.
Disse que foi “honesto” durante 27 anos de sua carreira na empresa, antes do governo Lula, exercendo cargos de altíssimo grau. E que “aceitou”, pelo desejo de ser diretor, entrar no esquema de corrupção através do deputado José Janene, do PP.
Porque, disse ele, ninguém, com Sarney, Collor,Itamar, FHC ou nos governos do PT, sem “apoio político”
Daí em diante, constrangido, roubou pelo apoio político e, claro, para si mesmo, porque ficou com pelo menos US$ 23 milhões (o que está na Suíça) e mais o que tenha ficado por aqui.
Disse que, em 2009, “estava enojado”.
E “enojado” continuou roubando até que, três anos depois, foi demitido de fato e, como é comum nestes cargos, apresentou sua carta de exoneração.
Todos sabiam disso, tanto que O Globo publicou, em 26 de abril de 2012.
“A saída de Duque e Zelada ocorreu a pedido deles. Já Costa saiu por decisão da presidente Graça Foster e era uma indicação do PP, que deve reagir à demissão”.
É óbvio que, se Costa não estivesse sendo compelido a sair, bastaria que ele dissesse isso, na ocasião, aos repórteres: “não é nada disso, eu é que pedi para sair, por razões de foro íntimo”.
Tanto não foi assim que o mesmo O Globo, no mesmo dia, publicou:
“Costa, indicado pelo PP, saiu por decisão da presidente Graça Foster. Seu afastamento pegou o partido de surpresa e provocou a ira da legenda, que está “em revolução”, segundo políticos ligados ao PP”.
No início da sessão, o deputado Carlos Sampaio, homem forte do PSDB, o saudou quase como um herói nacional.
Menos, não é?
Claro que Costa tem muita coisa de concreta – e real – a denunciar e aquilo que tiver provas de que realmente foi corrupção deve gerar a mais severa punição penal.
Mas santificar Costa e aceitar como verdadeiro tudo o que ele diz, inclusive este “nojo” por um esquema corrupto do qual ele se beneficiou pessoalmente com milhões e para o qual ele se aquadrilhou com um bandido condenado como Alberto Youseff e o qual continuou operando todo o tempo em que se disse “enojado” é algo que não pode ser o comportamento da mídia.
Se é, então estão na obrigação de noticiar que Costa falou na CPMI, com todas as letras, que nunca mencionou esquemas que o “enojavam” ao Presidente Lula ou a então ministra Dilma.
Mas isso, claro não é noticia, a não ser, daqui a pouco, nos blogs, se alguém tiver gravado e a gente puder mostrar.
Em tempo: o Conversa Afiada publica afirmações de Paulo Roberto Costa, destacadas pelo Diário do Centro do Mundo:
“Isso aconteceu em todos os governos. Todos! Com todos os diretores da Petrobras. Se não tivesse apoio político, não chegava a diretor. Isso é fato”, disse.
(…)
“Era um sonho meu chegar a diretor ou até a presidente da companhia. Me arrependo amargamente. Infelizmente, aceitei uma indicação política para assumir a diretoria de abastecimento. Estou extremamente arrependido de ter feito isso. Se tivesse a oportunidade de fazê-lo, não faria novamente. Aceitei esse cargo e ele me faz estar aqui onde estou hoje”, disse.
Leia mais: