FHC de “esquerda” defende a Direita
O príncipe da privataria não se elege vereador em Higienopolis.
Não tem relevância eleitoral e, portanto, nenhuma liga na sociedade, no povo.
Aécio foi leva-lo para campanha e deu no que deu: perdeu no Brasil, em Minas e no Rio, Estado que representa no Senado – e, segundo a Veja, representa muito mal.
Sem o PiG, FHC não passaria de Resende, como todos os tucanos de São Paulo.
O papel do Príncipe é o de demiurgo, de usina ideológica.
Sem o Evangelho do FHC, o Ataulfo Merval, por exemplo, teria a consistência sociológica da Cora Ronai.
FHC pensa pela Casa Grande, o PiG e por seu instrumento no Congresso, o PSDB.
Porque do PiG, da Casa Grande e do PSDB não sai uma única ideia original.
Nada que o Roberto Campos já não tenha pensado antes.
Frequentemente, aos domingos, no Estadão e no Globo, o Príncipe Privateiro lança uma cartilha de atualização dos beócios.
Com mais ou menos despeito e ódio do Lula.
Nesse primeiro domingo de 2015, ele veio todo “paz e amore” (é assim mesmo, revisor: amore. Obrigado).
Manso, sugere medidas para melhorar o funcionamento da Pátria que ele tentou vender – não deixe de seguir em “Uma Defesa do tamanho do Brasil”.
Sempre naquele estilo gorduroso, cheio de colesterol.
Que começa com originalidade de verter lágrimas de sangue: ano novo, esperanças renovadas !
Um jenio !
Nem a Dora Kramer faria melhor !
Ano novo, esperanças renovadas. É preciso continuar modelando o futuro com a argila de que se dispõe. Algo dará para fazer. Que posso desejar para 2015? Primeiro, que o Brasil reencontre o rumo. Brasil não quer dizer abstratamente um país com seu Estado, mas uma nação com seu povo.
(…)
Não há partidos relevantes "de direita", tampouco "revolucionários", à esquerda. Quando necessário, há os que se definem como liberais, de um lado, e social-democratas, de outro. Ainda muito numerosos são os setores que representam o atraso (práticas clientelistas, lenientes com a corrupção e com o arbítrio do Estado). Meus votos são para que não enfrentemos uma oposição entre esquerda retrógrada e direita golpista.
Sendo progressista, portanto, "de esquerda",
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Passo mais audacioso pode ser a introdução experimental do voto distrital nas eleições para as Câmaras Municipais. Embora em tese eu prefira o distrital misto, essa proposta, do mesmo modo teria a vantagem de não alterar a regra constitucional que exige a proporcionalidade e, além disso, de ter mais adeptos do que o sistema distrital misto. Essa modificação abriria espaço para, no futuro, estender a prática às eleições estaduais e nacionais. Ao longo do tempo, o espectro político encolherá e se tornará mais nítido.
O que ele quer ?
O voto distrital.
Um dos truques do PSDB para tentar governar sem povo.
O outro é o parlamentarismo, uma das obsessões do Padim Pade Cerra.
O voto distrital americano – sempre americano … - transforma o deputado em vereador, concentra os recursos econômicos numa área reduzida, o distrito, e torna a eleição ainda mais dependente do poder dos ricos.
Só faltou ele defender o fim da obrigatoriedade do voto, outra arma da Direita para deixar os pobres e oprimidos em casa, longe dos postos de votação.
Como nos Estados Unidos, que elegem um Presidente da Republica com 42% do universo de eleitores.
FHC não brinca em serviço.
Tem sempre um pé na Casa Grande.
O pé direito – ou o “esquerdo”.
Paulo Henrique Amorim