Jean Wyllys: o anti-petismo é irracional!
O Conversa Afiada reproduz trechos valiosissimos de entrevista do deputado federal Jean Wyllys à revista Caros Amigos.
Ele explica por que, mesmo não sendo petista, apoiou Dilma publicamente.
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O que levou a apoiar a Dilma ?
Da maneira como se desenhou a eleição no segundo turno, era necessário que o se posicionar fosse além do muro. Se desenhou uma polarização, em que o lado de lá, do Aécio, se congregavam forças conservadoras, não apenas do ponto de vista econômico, como também do comportamental e moral. Figuras que chantagearam o governo Dilma durante esses quatro anos, miram para o lado de Aécio como ratos que abandonam o navio. Então, o Aécio tinha o apoio de Marco Feliciano (PSC), Pastor Everaldo (PSC), Eduardo Cunha (PMDB), Levy Fidelix (PRTB). Ele também tinha o apoio de Marina Silva, mas era um apoio tímido. Ela apresentou algo a Aécio e ele recusou, que era a questão da maioridade penal. Eu jamais poderia aderir a um candidato que tem como bandeira a redução da maioridade penal. Além disso, há uma coisa nova que é o antipetismo em algum momento também gravitou em torno da Marina. Esse antipetismo é contrário a todas as pautas que defendo.
Você não acha que esse antipetismo beira o irracional?
É irracional. Ele tem um preconceito de classe, portanto classicista, ele pratica um racismo geográfico, abjeto, como a gente viu no ataque aos nordestinos. É homofóbico, os ataques que sofri por apoiar Dilma eram todos de natureza homofóbica e sexista. Esse antipetismo, de tinta fascista, é contrário às minhas pautas. As esquerdas precisavam se unir, conversei com o Marcelo Freixo (Psol-RJ) e partimos para a campanha. Foi muito significado, porque não somos petistas e temos uma ligação muito forte com a juventude, então a gente tirou a culpa que impedia a esquerda de defender o governo Dilma, por tudo o que o governo fez: as traições do governo Dilma, os recuos e as covardias nesses quatro anos. Todo mundo estava envergonhado, mas ficou claro que, apesar de tudo isso, ainda havia espaço para debate e o que o governo fez para a maioria do País era muito significativo. Não podia ser perdido para um programa de governo como o do Aécio, que era sim uma ameaça às conquistas sociais, por mais que se diga não.
Por que você acha que era uma ameaça às conquistas?
Havia uma contradição de fundo, entre o que o eleitor do Aécio esperava e o que ele dizia. O eleitor do Aécio esperava cortes nos gastos com políticas sociais, considerava que o Bolsa Família é uma esmola e um instrumento de compra de votos. Não todos, mas uma parte considerável dos eleitores de Aécio chamava o Bolsa Família de bolsa vagabundo, de bolsa esmola. E o Aécio dizia que iria ampliar esse programa. De fato, existia uma contradição. Por isso decidimos entrar na campanha e unirmos as esquerdas. Os movimentos sociais também entraram na campanha, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), por exemplo, emitiu uma nota de apoio à Dilma. Foi isso que fez a vitória da Dilma. Nossa ideia agora é disputar o governo e trazê-lo mais para esquerda. A gente sabe que o governo ainda compõe com forças conservadoras, mas o governo vem sendo traído pelo PMDB.
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