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Lava Jato: líder do PT suspeita que delegado prevaricou

"Não é só uma questão de dizer se foi no governo A ou B, mas temos que preservar a imparcialidade do inquérito e da continuidade do processo dessa natureza"
publicado 11/02/2015
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"Não perguntaram ao Barusco sobre o período FHC"

 

Nesta quarta-feira (11), o líder do PT na Câmara dos Deputados, Sibá Machado (PT-AC) entregou à vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo e à Polícia Federal uma representação em que a bancada do partido pede aprofundamento das investigações da Lava Jato  no período do Governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

O documento requer instauração de apuração para apurar desvios entre 1997 e 2003 "já que de 2003 em diante já existe investigação em curso".

A peça  toma por base declarações do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco feitas durante delação premiada. "Para fazer uma investigação à luz do dia, que de fato ponha as cartas na mesa, não se pode omitir absolutamente nada. Qualquer omissão numa hora dessa gera muitas desconfianças", disse Machado, ao deixar o STF.


O deputado Sibá Machado conversou com Paulo Henrique Amorim e a entrevista está disponível em áudio e texto:


PHA: Converso com o Sibá Machado (PT), que hoje esteve no Ministério da Justiça, na Procuradoria Geral da República, e eu gostaria de saber o que o senhor foi fazer nesses lugares, deputados?


Sibá:  Nós recebemos o texto da delação premiado do senhor Pedro Barusco e ele cita no depoimento que as operações que ele praticou na Petrobras se iniciaram em 1997. Ele citou isso mesmo sem ser perguntado.

E, para nossa surpresa, não houve mais nenhuma pergunta posterior a isso do delegado que estava de titular naquele momento.

Não há nenhuma tentativa de tentar aprofundar o que ele disse.

Como estamos na iminência da abertura dos trabalhos de mais uma CPI, nós pedimos ao Ministério da Justiça, à Procuradoria Geral da República e ao diretor geral da Polícia Federal que analisem a possibilidade de prevaricação por parte do delgado.

Ou parcialidade ou coisa do gênero. Se isso se configurar, pode criar embaraços inclusive na condução da CPI. Esse foi o motivo.



PHA: Qual foi a receptividade do Ministro da Justiça, por exemplo?

Sibá: Foi bastante protocolar, pois não fizemos nenhum aprofundamento do assunto para deixar as autoridades livres para analisar nosso pleito.

Então, sem nehum juizo de valor, sem nenhum tipo de consideração, apenas explicamos os motivos que nos levaram a tomar essa atitude e pedimos que ele pudesse dar uma certa celeridade na analise para quando a CPI se instalar esse assunto já esteja melhor esclarecido.



PHA: O ministro da Justiça, por acaso, explicou o porquê deu entrevista à  Veja?

Sibá: Nós não falamos sobre isso. Foi muito rápida a nossa conversa, ele recebeu nossas considerações, disse que vai tratar com todo carinho e que em tempo hábil possa nos remeter a nossa resposta.


PHA: E o que disse o delegado geral da Polícia Federal?

Sibá: Na Polícia Federal, apenas protocolamos, não tivemos conversa com o diretor.


PHA: E na Procuradoria Geral da República?


Sibá: A doutora Ela, que está como interina da função, disse que esse assunto tem que aguardar o retorno do Rodrigo Janot, que está nos Estados Unidos. Quando ele retornar, esperamos a resposta.


PHA: O objetivo é fazer com que a Operação Lava-Jato recue até o Governo Fernando Henrique ou é invocar o delegado por prevaricação?

Sibá: Por conta do que o delator cita fortemente como foi que ele iniciou as operações dele e não houve nenhuma curiosidade do delagado de aprofundar essas indagações.

Isso soa como prevaricação, parcialidade, relaxamento.

E, portanto, deixa sob suspeita a veracidade dessas delações premiadas e banaliza a ação da polícia, do inquérito e da justiça como um todo.

Então, não é só uma questão de dizer se foi no governo A ou B, mas temos que preservar a imparcialidade do inquérito e da continuidade do processo dessa natureza.



PHA: Então, o senhor acredita que essa resposta a PF, ou a PGR lhe dará a tempo de transformar isso em um instrumento de discussão na CPI da Petrobras?



Sibá: Seria ótimo porque isso pode ser decisivo para o comportamento da CPI.

Se ficar comprovado que é preciso a CPI se pronunciar sobre essa delação, ela mesmo, nos seus debates internos e nos requirimentos aprovados, pode convocar pessoas para esclarecer melhor as informações do senhor Barusco.



PHA: Em resumo, o senhor depende do rapidez do ministro da Justiça e também da celeridade da Procuradoria?

Sibá: Isso nos ajudaria muito, porque já estão com os nomes praticamente definidos para compor a CPI e separando as coisas, pois a CPI não pode tomar conta do ritmo do Congresso.

O Congresso tem que cuidar do país e a CPI cuidar da investigação.

E vamos dar celeridade porque o que o país quer é o resultado final.

É preciso dizer: Bom, concluímos o processo.



Em tempo:
Em um dos documentos obtidos pelo Tijolaço e republicados no Conversa Afiada, assinam a delação de Pedro Barusco os delgados Felipe Eduardo Hideo Hayashi, Márcio Adriano Anselmo, Erika Mialik Morena, Eduardo Mauat da Silva e Igor Romário de Souza..

Abaixo, os documentos encaminhados:

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