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Aldo: base de apoio vai se redefinir

Empresas têm que ser preservadas
publicado 06/03/2015
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O Ministro da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo (PCdoB), negou que a base aliada do Governo Dilma é a principal causa dos problemas políticos enfrentados pelo Executivo. Sobre a coalização, ele esclareceu: “Acho que a coalizão vai procurando sua arrumação. É como um time de futebol. O time está formado, talvez não esteja entrosado, nas posições corretas, com o esquema tático perfeito. Mas a coalizão está feita. Temos dois presidentes de Casas muito experientes no Congresso. Pesa o fato de os dois serem do PMDB, e isso se traduz em expectativa natural de maior protagonismo do partido. Sempre digo que quem apoia o governo, participa dele, porque senão se cria uma anomalia inaceitável. Talvez haja, da parte do PMDB, expectativa de protagonismo maior”.

Em entrevista ao Valor Econômico publicada nesta sexta-feira (6), Rebelo reconheceu a importância do PMDB para a governabilidade. "O PMDB foi um partido importante para a redemocratização, começando pelo próprio Sarney, que teria tido um governo muito pior sem o PMDB para ajudar. O Collor, que não tinha coalizão nenhuma, deu no que deu. Itamar fez uma composição. Fernando Henrique foi coalizão do começo ao fim. No primeiro governo Lula tivemos dificuldade no Congresso porque não tínhamos o PMDB”, afirmou.

Para continuar: "O PMDB tem também o vice-presidente da República. Na hierarquia formal dos Poderes, o PMDB tem o segundo, o terceiro e o quarto cargos na linha de sucessão. É uma força importante. É natural que isso crie no partido uma expectativa maior e, portanto, uma tensão em razão dessa expectativa. Creio que o governo tem absoluta consciência dessa situação e vai procurando resolver, sob o comando da presidente Dilma”, disse.

O ex-lider do governo, ex-ministro da Articulação Política na gestão Lula, ex-ministro do Esporte e ex-presidente da Câmara, Rebelo faz um contexto para esclarecer o atual momento.

“A tradição do Brasil é de frentes heterogêneas. Foi assim na Independência, na República, foi assim que redemocratizamos o país, com amplas coalizões que envolvem desde dissidências de grupos dominantes, como a Casa de Bragança com dom Pedro e José Bonifácio. Com os fazendeiros de São Paulo, os militares e os republicanos para fazer a República e a abolição. Mais recentemente, (José) Sarney e Antônio Carlos (Magalhães) confraternizaram com os moderados do PMDB, com Tancredo (Neves), Ulysses (Guimarães) e os populares em volta de Lula, para democratizar o país. É um erro atribuir os males e a nossa morbidez às coalizões”, lembra.

E finalizou:“[No Governo Lula], só aprovamos reformas Tributária e da Previdência porque tivemos apoio importante do PSDB e do DEM. Essas forças cumprem um papel importante em dar governabilidade ao país. Mas é preciso haver uma mobilização, alguém que coordene e dê rumo. A política precisa das lideranças que contornem as dificuldades”.

Operação Lava Jato

Para ele, é preciso o Governo Federal assegure o funcionamento das empresas denunciadas na Operação Lava-Jato, que investiga suposta corrupção na Petrobras.

“Não falo na questão moral. Falo, por exemplo, de impedir que as empresas assinem contratos com o governo. As empresas precisam continuar operando com todas as suas prerrogativas, e os culpados pela corrupção, punidos. O governo tem a obrigação de fazer um esforço para proteger essas empresas, não os erros ou crimes cometidos por seus executivos. Mas proteger a empresa como interesse público, pelos empregos que ela gera, impostos que paga, pela exportação de serviço, pela memória da engenharia que está lá", contou.

Segundo Aldo, as investigações da Operação Lava-Jato não representam um risco de ruptura entre Governo e base aliada. “Quem lembra das investigações do mensalão, em 2005 e 2006, se recordará de que também tiveram efeito paralisante no Congresso. Mas não vejo risco de ruptura. Ninguém vai cogitar a hipótese de reduzir o mandato presidencial. Acho que há uma reação organizada aos efeitos indesejáveis da investigação. Os efeitos desejáveis todo mundo apoia: alcançar, punir e revelar os responsáveis pela corrupção tanto na área pública quanto na área privada. Agora, destruir patrimônio de interesse público e nacional é inadmissível. Fragilizar e expor a Petrobras e as construtoras...”, advertiu.



Alisson Matos, editor do Conversa Afiada



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