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Prosub: Brasil vai para o andar de cima

Projeto da Marinha é ter entre três e quatro de propulsão nuclear
publicado 19/06/2015
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O Brasil muda de patamar aos olhos das potências econômicas e bélicas com a produção do submarino brasileiro com propulsão nuclear e os de propulsão convencional (diesel-elétricos), de acordo com o Almirante Ney Zanella dos Santos, diretor-presidente da Amazul, na segunda parte da entrevista ao Conversa Afiada.

Na última semana, ele conversou com Paulo Henrique Amorim sobre o programa nuclear brasileiro. No primeiro bloco da conversa, o Almirante afirmou que o submarino nuclear deixará como legado o fortalecimento da base industrial de defesa no Brasil.

Agora, ele acrescenta: “são cinco ou seis países que se atreveram a fazer isso. A sala de reunião em que vamos sentar vai mudar de andar. Nós vamos para o andar de cima. O patamar estratégico muda”, conta.

Zanella ainda explicou a importância, para a defesa nacional, da construção dos submarinos com propulsão nuclear.

“O nosso armamento visa a nossa defesa.Por exemplo, para tomar conta da nossa costa hoje, seria preciso de 20 a 30 submarinos convencionais. Já o projeto da Marinha é ter entre três e quatro de propulsão nuclear”, revela.

Cada submarino com propulsão nuclear chega a custar US$ 2 bilhões.

Acompanhe outros trechos da entrevista:



Almirante Othon



Na area nuclear, não existe transferencia de tecnologia, porque cada país desenvolveu o seu processo autônomo. E o Alamirante Othon é o pai dessa questão, pois ele, na década de 1980, conseguiu a chamada separação isotópica.


Por que os submarinos de propulsão nuclear



O submarino nuclear é um engenho muito caro. O de modelo de ataque, que é o que estamos fazendo, custa em torno de US$ 2 bilhões por unidade.

O nosso armamento visa a nossa defesa.

Para tomar conta da nossa costa hoje, seria preciso de 20 a 30 submarinos convencionais. O ciclo de vida dele é pequeno.

Já o projeto da Marinha é ter entre três e quatro de propulsão nuclear.


Quem tem submarino nuclear


São países que têm dimensões oceânicas muito grandes. Não justifica, por exemplo, a Alemanha e a Itália terem o submarino nuclear.

A Inglaterra, França, Estados Unidos, China, Rússia e Índia têm.

Os indianos usaram um processo diferente. Eles não trabalharam com o enriquecimento de urânio como a base. Já o Brasil achou que se ele tivesse o dominio do combustível depois ele partia para o reator.


Urânio e capacidade de enriquecê-lo

Brasil entre a terceira e a quinta maior reserva de urânio do mundo. Pode ser a primeira, já que não prospectamos tudo, pois ainda usamos pouco.

Temos, basicamente, duas fontes: Na Bahia, em Caitité, e Santa Quitéria, no Ceará.

Em Minas, tem o nióbio, que para o submarino nuclear é importantíssimo, pois o nióbio faz parte do motor elétrico, que é de altissima tecnologia.


A produção de Radiofármacos

A capacidade brasileira de geração do componente quimico que faz quimioterapia, ressonância magnética, tomografia computadorizada é de 1 milhão e 700 mil unidades. A demanda hoje está na faixa de 3 milhões. Ou seja, a produção nacional está aquém da demanda.

O Brasil tem que importar.


O reator brasileiro


O reator multiproposito brasileiro vai ser operado pela CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) com a parceria com a Amazul, em um modelo que ainda será definido.

Ele será construído no terreno de Aramar, [em Iperó, Região de Sorocaba-SP] onde a Marinha já tem seus laborátorios e esse reator dará a capacidade de 4 milhões e 500 mil de geração do componente químico dos exames médicos já citados.



O que o Brasil ganha com uma defesa nuclear

Nós usamos a atividade nuclear como geração de energia.

Envolvidas no Prosub são, mais ou menos, 200 empresas brasileiras e a tendência é crescer.

Nós vamos fortalecer uma base industrial com tecnologia que ainda estamos conquistando.

E vamos dar ao Brasil profissionais capacitados. Ou seja, a Amazul tem a tarefa de capacitar para essa atividade.

E a mais importante é que são cinco ou seis países que se atreveram a fazer isso.

A sala de reunião em que vamos sentar vai mudar de andar. Nós vamos para o andar de cima. O patamar estratégico muda.

***

 

Assista a primeira parte da entrevista:

 

 

O submarino nuclear vai gerar uma indústria

 

É preciso proteger o pré-sal !

O fortalecimento da base industrial de defesa no Brasil é um dos legados do acordo assinado entre Brasil e França, o Prosub,  para a construção de quatro submarinos convencionais (S-BR), movidos a motores diesel-elétricos, e um com propulsão nuclear.

É o que diz o Almirante Ney Zanella dos Santos, diretor-presidente da Amazul, em entrevista ao Conversa Afiada que será dividida em duas partes.

“No submarino nuclear, na parte nuclear, os franceses não estão fazendo nada. Agora, nas outras áreas, que não são áreas estratégicas, são caixas pretas deles. Esses produtos podem ser comprados lá, mas têm que ser montados aqui com mão de obra brasileira”, conta Zanella.

No primeiro bloco da conversa, o almirante lembra que a retomada do chamado PNB ( Programa Nuclear Brasileiro) ocorreu em 2008, no segundo mandato do Presidente Lula, quando a Presidenta Dilma Rousseff ainda era Ministra de Minas e Energia.

“A Dilma montou um comitê nacional do programa de desenvolvimento nuclear brasileiro e, neste comitê, se chegou a algumas sugestões para ordenar o programa nuclear brasileiro. Uma delas foi a criação da Amazul, para trabalhar com o setor de pesquisa nuclear e na área empresarial. Outra, foi a ativação de Angra 3″, relata.

Da desarticulação do PNB, que teve na paralisação da construção da usina nuclear Angra 3 um símbolo, mecanismos para o fortalecimento da Defesa Nacional passaram a ser estudados.

Um dos resultados foi a criação da Amazul, em 2013. A estatal tem como objetivos “promover, desenvolver, transferir e manter tecnologias sensíveis às atividades do Programa Nuclear da Marinha (PNM), do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) e do Programa Nuclear Brasileiro (PNB)”, afirma Zanella.

Segundo ele, “a missão primordial da estatal é viabilizar o desenvolvimento do submarino de propulsão nuclear, tecnologia imprescindível para que o País exerça a soberania plena sobre as águas jurisdicionais brasileiras, a nossa Amazônia Azul”.

Na entrevista, o Almirante contou detalhes do acordo entre Brasil e França e do processo de concepção do projeto.

“Quem faz esse projeto é a Amazul e a Marinha. Há apenas uma orientação da França. A execução e concepção é toda nossa”, esclarece.

Leia outros trechos da primeira parte da entrevista à TV Afiada:


O Nascimento da Amazul

Amazul é uma empresa estatal criada em 2013 que vem em um momento que, desde 2008, quando se estudou as dificuldades que o programa nuclear brasileiro sofria.

Na Amazul, o capital inicial foi baixo, mas veio em um momento que o Brasil fez uma parceria com a França para construir o submarino nuclear, o Prosub.

Função da Amazul

A Amazul trabalha no Prosub em uma area de projetos e não de construção.

A construção é ligada à Odebrecht e à própria Marinha.

Distinção entre Amazul e os colegas da Marinha da Aramar


Não é distinção é uma harmonia. Eles são coordenadores do programa nuclear da Marinha, pois têm a tarefa de empreender uma propulsão naval para o submarino e também fazem a área de enriquecimento de urânio.

A Amazul entra nos dois projetos com o seu pessoal. A Marinha sem a Amazul não funciona e vice e versa.

Urânio e energia nuclear sempre ligados à Marinha


A Marinha trabalha com meios intrisecos à alta tecnologias nas nossas atividades navais. Um navio, por exemplo, é um complexo de tecnologia.

Também nos Estados Unidos é a Marinha a responsável.

Brasil pode vir a ser exportador de submarino


De submarino, pode. Mas a propulsão nuclear, não, pois não existe um comércio internacional de submarino nuclear.

O nosso projeto do submarino são três fases: A, B e C. Nós estamos na segunda fase.

A fase A é uma concepção da plataforma, as especificações mestras. A fase B são quase três anos em que começamos a colocar o que queremos no submarino.

Quem faz esse projeto é a Amazul e a Marinha. Há apenas uma orientação da França. A execução e concepção é toda nossa.

Papel da Amazul no processo de absorção da tecnologia dos franceses


No submarino nuclear, a parte nuclear, os franceses não estão fazendo nada.

Agora, nas outras áreas, que não são áreas estratégicas, são caixas pretas deles. Esses produtos podem ser comprados lá, mas têm que ser montados aqui com mão de obra brasileira.

Com isso, fortalecemos uma base industrial de defesa. Hoje, são 36 mil partes que são brasileiras ou feitas aqui desse submarino convencional.


Alisson Matos, editor do Conversa Afiada