Collor acusa Janot de ato ilegal
No G1:
Collor diz que nova fase da Lava Jato 'extrapolou' limites da legalidade
Mesa diretora do Senado afirmou em nota que operação beira 'intimidação'.
PGR disse que Rodrigo Janot não se manifestará sobre declarações de Collor.
Investigado pela Procuradoria Geral da República, o ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello afirmou nesta terça-feira (14), na tribuna do Senado, que a nova fase da Operação Lava Jato, que cumpriu mandados de busca e apreensão nas suas casas em Brasília e Maceió, foi truculenta e "extrapolou" todos os limites do estado democrático de direito e da legalidade. Já o Senado, em reação à entrada de policiais em apartamentos funcionais de senadores, disse que a medida "beira à intimidação".
Com mandados expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), agentes da PF foram, além das casas de Collor, nas residências do senador Ciro Nogueira (PP-PI) e do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), em Brasília, na do ex-ministro e ex-deputado Mário Negromonte (PP-BA), na Bahia, e na do ex-ministro e senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE). Também foi realizada busca e apreensão na casa do ex-deputado João Pizzolati (PP) e na casa da ex-mulher dele, em Santa Catarina.
"[A nova fase da Lava Jato] extrapolou todos os limites do estado democrático de direito e da legalidade. Sem apresentar um mandado da Justiça, confrontando e invadindo. Os agentes sob as ordens de Janot arrombaram o apartamento de meu uso funcional como senador da República e recolheram equipamentos e papéis desconexos. Também apreenderam três veículos", discursou Collor no Senado.
Na avaliação do senador do PTB, a operação desta terça da PF foi "espetaculosa" e midiática". Diante dos olhares dos colegas do Senado, Collor acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de ter orquestrado a operação para lhe vincular ao esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
"Uma operação espetaculosa e midiática, com vários helicópteros, dezenas de viaturas absolutamente desnecessárias, e maldosamente orquestrada pelo PGR [Janot] com o único intuito mesquinho e mentiroso de vincular a uma investigação criminosa bens e valores legalmente declarados e adquiridos nos anos, ou antes, de qualquer investigação", reclamou o senador alagoano na tribuna.
(...)
Antes, o C Af havia publicado:
Collor peita Moro: vive-se um clima de terror !
O que acontecerá ao cidadão comum ?
O senador Fernando Collor - leia "será que não tem machão neste país?" - reagiu à invasão de suas casas em Brasília e Maceió pelas tropas daquele que, segundo Mino, pode ser o Jim Jones pátrio:
“A defesa do Senador Fernando Collor repudia com veemência a aparatosa operação policial realizada nesta data em sua residência.
A medida invasiva e arbitrária é flagrantemente desnecessária, considerando que os fatos investigados datam de pelo menos mais de dois anos, a investigação já é conhecida desde o final do ano passado, e o ex-Presidente jamais foi sequer chamado a prestar esclarecimentos. Ao contrário disso, por duas vezes o Senador se colocou à disposição para ser ouvido pela Polícia Federal, sendo que nas duas vezes seu depoimento foi desmarcado na véspera.
Medidas dessa ordem buscam apenas constranger o destinatário, alimentar o clima de terror e perseguição e, com isso, intimidar futuras testemunhas.
A medida invasiva traduz os tempos em que vivemos, em que o Estado Policial procura se impor ao menoscabo das garantias individuais seja do ex-Presidente, do Senador da República, ou do simples cidadão. Afinal, se nem os membros do Senado Federal estão livres do arbítrio, o que se dirá do cidadão comum, à mercê dos Poderes do Estado”.