A Casa Grande não reza por esse Papa!
Do ex-senador Roberto Saturnino Braga, em seu Correio Saturnino:
FRANCISCO, O MAIOR INIMIGO
Sim, Mino Carta escreveu com a lucidez de sempre e logo a evidência iluminou o quadro brasileiro dos próximos anos: o Papa será o maior inimigo de Bolsonaro.
Será uma oposição, sem atos nem palavras, mas uma oposição permanente, cotidiana, uma oposição de consciência, sempre presente na forma de uma crítica muda e pesada de natureza moral, a mostrar a conivência do novo governo com a maior imoralidade, a grande corrupção da sociedade brasileira, que é a brutal injustiça das desigualdades institucionalizadas entre a elite do asfalto e do atraso, e a ralé condenada e aprisionada do morro.
A tia sábia de Mino dizia que basta ser um cristão autêntico para ser comunista, pois a igualdade entre os seres humanos foi o que pregou Jesus. E a fraqueza cultural do Presidente eleito favorece a identificação como comunista de todo brasileiro que condena e luta contra as gritantes desigualdades estruturais presentes na cidadania do nosso País.
Aliás, o Presidente reflete um pensamento comum entre os militares brasileiros, ensinados e doutrinados pelo severo Tio Sam desde os velhos tempos da União Soviética, que a missão principal é combater o comunismo. E, imbuídos deste pensamento, ao invés de defenderem a Pátria, acabam defendendo os interesses da grande potência que quer o atraso da Pátria, a grande inteligência política que articula e efetua os golpes de Estado toda vez que ela, a Pátria, adota um projeto de autonomia e desenvolvimento. Eu sei por experiência, passei por isto em toda a minha extensa vida política. O último General nacionalista foi Ernesto Geisel, há quase 50 anos. O Almirante Othon Pinheiro da Silva foi preso. Há uma grande expectativa em torno do Almirante Bento Costa Lima.
Bem, a luta será muito árdua, o golpe foi arrasador, desanimador para os velhos lutadores, Lula está preso, as instituições brasileiras desmoralizadas, a política brasileira completamente desacreditada, o desenvolvimentismo chamado de comunismo, temos agora até o Judiciário contra nós, não vale mais a afirmação de Moura Andrade no Senado de que “Japona não é Toga”...
Mas vamos continuar assim mesmo nossa luta pela afirmação do Brasil perante a Potência maior, a maior máquina de guerra que a Humanidade já conheceu; continuaremos, com ânimo forte, a nossa luta de afirmação do Brasil como “Potência da Paz”. E sentiremos, sempre, ao nosso lado, a nos amparar, a nos acoroçoar, a extraordinária figura do Papa sulamericano, que viveu os dias sombrios da Argentina, do Brasil, do Uruguai, da América do Sul.
Que hausto de energia!
Nossos depostos, nossos presos, nossos assassinados, Getúlio Vargas, João Goulart, Juscelino Kubitshek, Renato Archer, Severo Gomes, Dilma Rousseff, Lula da Silva, e todos os que lutaram a nossa luta de independência, serão os vitoriosos: o Brasil será a grande Potência da Paz!
O segundo centenário está à vista. Quem sabe?!
Só quero viver até lá.
Roberto Saturnino Braga