A infinita ignorância do Moro sobre a corrupção
Que o juiz Moro, aqui chamado de cachalote, além de parcial acumula limitados conhecimentos – isso já se sabe.
O Mino Carta, por exemplo, demonstrou sua redonda ignorância sobre a operação que inspirou a Lava Jato, a italiana “Mãos Limpas”.
Moro deve conhecer melhor a ciência da Ótica do que as Mãos Limpas.
Agora, Moro se propõe a limpar o Brasil, como o João Dória vai limpar a cidade de São Paulo.
(Ambos, aliás, são grandes amigos – no palco do LIDE)
Não vai ficar sujeira sobre sujeira, enquanto ele não for para Harvard, ano que vem.
O ansioso blogueiro está fascinado com a leitura de “How Will Capitalism End”, do alemão Wolfgang Streeck, de quem tratou no post “a desigualdade aumenta e o capitalismo vai acabar”.
E decidiu reproduzir – de forma não literal - breves observações de Streek sobre a corrupção.
Uma corrupção que o Moro, entre tantas, ignora (ou não vem ao caso!).
Por exemplo:
Corrupção é a grosseira violação da lei e o sistemática assalto à confiança do publico - public trust - e às expectativas morais, em busca do sucesso e do enriquecimento pessoal ou institucional.
Especialmente agora, quando se multiplicam as oportunidades de enriquecimento rápido no regime político neo-liberal.
A corrupção é endêmica à “financeirização” da Economia, onde se ganha muito dinheiro muito rápido, fazendo atalhos na lei, ou, simplesmente, infringindo a lei, como em operações de insider trading, refinanciamento de hipotecas, lavagem de dinheiro, e fixação artificial de taxas de juros e de cambio.
(A propósito, ler a entrevista que o ansioso blogueiro fez com Luis Nassif sobre seu livro “Cabeças de Planilha” sobre como foi fixada a taxa do Real, no lançamento do Plano, por uma de suas “cabeças”, André Lara Resende. Que jamais processou o Nassif. PHA)
De novo ao Streeck:
Na verdade, no regime de “financeirização” da Economia a corrupção é uma forma de vida e já não provoca mais indignação.
Só nos Estados Unidos, em 2014, os maiores bancos concordaram em pagar multas de US$ 100 bilhões em acordos fora da Justiça, por infrações cometidas na crise que levou à crise de 2008.
Bancos europeus e americanos somados pagaram US$ 260 bilhões em multas por causa de 2008 e nenhum dos casos foi levado à Justiça.
(O Ministro da Justiça de Obama, Eric Holder, não processou nenhum banco e depois foi trabalhar em Wall Street…)
Uma das formas de corrupção é conhecida como de “portas giratórias” - os funcionários públicos que vão trabalhar em empresas privadas e “vendem” seus conhecimentos adquiridos no Governo aos novos empregadores.
Robert Rubin e Henry Paulsen, Ministros da Fazenda de Clinton e George Bush vieram da Goldman Sachs e, quando saíram, continuaram prestando serviços a bancos (Rubin foi para o Citi).
(Em tempo: executivos da Goldman ocuparão diversos cargos do primeiro escalão do Governo Trump – PHA)
Larry Summers, vice e Ministro da Fazenda de Clinton, concebeu a desregulamentação do sistema bancário e depois foi dispensado do cargo de reitor da Universidade de Harvard, sob a suspeita de participar de operações de insider trading com ações de empresas russas (e só não foi presidente do Banco Central, indicado por Obama porque não quis divulgar sua fortuna pessoal.)
Tony Blair, primeiro-ministro inglês, é “conselheiro” de uma dezena de empresas – entre elas o banco americano JP Morgan - e o chanceler alemão Gerhard Schroder saiu do Governo para dirigir uma empresa russa de gás – cujo maior cliente é o consumidor… alemão!
Tem também a corrupção no Esporte.
(A da FIFA e da CBF em conluio com a Globo os brasileiros conhecem bem. E por que o FBI, que prendeu o Marín, não veio prender o Ricardo Teixeira? Porque teria que prender toda a família Marinho… E o FBI tem chefe… - PHA)
Sir Sebastian Cole é presidente da infamemente corrupta Federação Internacional de Atletas, representante da Nike e negocia direitos de de transmissão de eventos.
(E ainda ouviremos falar da prisão do Neymar, que tem a cara e a alma dos melhores brasileiros! - PHA)
E a corrupção privada?
A Volkswagen fraudou o sistema de controle de poluição dos carros a diesel, para aplicar mais recursos no marketing.
A generalizada corrupção passou a ser considerada um “fato da vida” (menos quando atinge petistas… - PHA), porque no regime neoliberal é “um fato da vida”, rotineiro, converter a confiança pública – public trust – em dinheiro privado.
É natural o super-rico ficar ainda mais rico.
E instala-se o generalizado cinismo.