Após Bolsonaro distorcer nota técnica, general exonera equipe de saúde da mulher
(Agência Brasil)
Após Jair Bolsonaro distorcer uma nota técnica sobre acesso à saúde sexual e reprodutiva durante a pandemia emitida pela Secretaria de Atenção Primária à Saúde na segunda-feira 1/VI, o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, exonerou dois dos servidores que assinaram o material.
De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, Danilo Campos da Luz, coordenador-geral de Ciclos de Vida, e Flávia Andrade Fialho, coordenadora de Saúde das Mulheres, ambos da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, tiveram suas exonerações publicadas no Diário Oficial nesta sexta-feira 5/VI.
Na última quarta-feira, Bolsonaro disse que estava "buscando a autoria" da portaria "sobre aborto que circulou hoje pela internet". "O MS [Ministério da Saúde] segue fielmente a legislação brasileira, bem como não apoia qualquer proposta que vise a legalização do aborto, caso que está afeto ao Congresso", escreveu.
O tema central da nota técnica publicada na segunda, porém, não é o aborto, mas a manutenção de cuidados com a saúde sexual e reprodutiva para as mulheres no contexto da pandemia. "Emerge a preocupação com a saúde das mulheres, nos seus diferentes estágios do curso da vida. A necessidade de garantir acesso integral à Saúde da Mulher perpassa a Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva (SSSR), bem como a saúde Materno-Infantil, e deve ir ao encontro do contexto e das prioridades regionais, de modo a estruturar uma resposta rápida e eficaz à saúde das mulheres", diz a nota.
Quando menciona o aborto, trecho que incomodou Bolsonaro e seus apoiadores, apenas reitera a necessidade da continuidade dos serviços de assistência "aos casos de violência sexual e aborto legal".