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Assassinos de Marielle esfaqueiam a Democracia

Saturnino: foi um recado para a intervenssão!
publicado 19/03/2018
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Ato em homenagem a Marielle Franco e ao motorista Anderson Gomes, na favela da Maré, 18/III (Reprodução: AFP)

O Conversa Afiada reproduz artigo do Correio Saturnino, do ex-senador Saturnino Braga:

Correio Inocente - Correio Horripilante


Ao ter a notícia deprimente, no meio da semana, do fechamento da “Casa da Suíça”, me veio a ideia de escrever um Correio triste mas inocente, sobre o esvaziamento do Rio, sobre o significado desta perda, sobre as belas lembranças de encontros felizes naquele ponto especial da subida da Cândido Mendes, almoços ou jantares da melhor qualidade, fondues acolhedores e deliciosos no inverno, música simpática ao fim da tarde; e o mestre, o maitre, o dono, sei lá, o suíço que nos recebia sempre com o mesmo encanto dia e noite.

Pouco depois, veio a outra notícia, estarrecedora: não mais o Rio esvaziado mas o Rio assassinado, uma facada no peito de todo mundo: a vereadora tão querida e tão votada, Marielle Franco, a líder carismática da Maré, uma comunidade que tem história, tem história sofrida e heroica, tem até um museu de sua história, tem hoje faculdade, fruto de sua luta brava, há muito tinha cursos pré-vestibular, teve lideranças muito importantes antes dela, a Eliana, uma figura que marcou época na luta social do Rio, pela maturidade, pela visão luminosa.

Ato de barbaridade, sim, este assassinato, mas além disso, uma grande afronta!

Bastante mais do que um ato de guerra aos defensores dos direitos humanos, simbolizados pela grande Marielle, houve um propósito: claramente foi um recado ao Exército interventor: “Olhem, estamos aqui e também somos uma força armada; não temos medo”. Uma afronta ao Exército Brasileiro; uma afronta ao Rio de Janeiro, ao Poder Público, à democracia; uma afronta à Nação Brasileira e ao seu povo!

Uma afronta, sim, e com muita ousadia! Ousadia sem limite, de quem sabe que não será punido. Que organização teria tal ousadia? Tudo muito estranho.

E o Povo sentiu a afronta arrrogante e foi à rua! Também sem medo, mostrou sua indignação, maciçamente, ruidosamente, foi à rua mostrar sua revolta, sua vontade, sua exigência de justiça.

A resposta, a única resposta eficiente, minimamente aceitável, todo mundo sabe qual é: a revelação dos culpados.

Eu tenho pensado e tenho repetido minha visão de velho político: há um propósito de desmoralizar o Brasil que começou a querer ficar importante no mundo, no início deste século; um propósito dos donos do mundo de arrasar esta pretensão que havia despontado com Getúlio Vargas, que novamente se manifestou com Ernesto Geisel, desmoralizado no período Figueiredo com o episódio Rio-Sul que vale a pena ser lembrado; e tinha avançado mais com Lula e Dilma: liderança da América do Sul para emancipação, aliança com os BRICS, petróleo nosso novamente; autonomia, independência!

Entre parênteses, não esqueci o golpe sobre João Goulart; acho apenas que ele foi, antes de tudo, mais um episódio marcante da guerra fria, no seu auge, Kruschov abertamente peitando Kennedy, do que propriamente, ou principalmente, um capítulo mais específico da História do Brasil com suas motivações.

Volto ao que penso: o propósito é de arrasar mesmo, aproveitando ao máximo brasileiros dispostos a colaborar, por cobiça ou por estupidez. Arrasar até o Brasil reconhecer explicita e definitivamente que é quintal; desmoralizar todas as nossas instituições, até mesmo nossas Forças Armadas com uma intervenção ruinosa na vitrine do Rio de Janeiro.

É meu pensamento, não é uma verdade científica. E, dentro deste mesmo pensamento, eu não subestimo a capacidade e a inteligência das nossas Forças Armadas. Só receio que haja, dentro delas, uma divisão mais profunda que nós, paisanos simples, não conhecemos. Como foi no caso do RioCentro. Posta de lado esta hipótese escabrosa, volto a acreditar que a intervenção militar no Rio pode ser positiva, e que esta única resposta satisfatória e eficiente será dada ao povo e à Nação.

Quanto ao mais: viva Marielle Franco! Viva o motorista Anderson Gomes! Seus corações brasileiros continuam batendo em centenas de milhões de peitos de nossos concidadãos afrontados.

Em tempo: sobre a Intervenssão - também conhecida por Intervenção Tabajara - favor consultar o imperdível ABC do C Af.

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