Auler: agora, a UFMG vai construir o Memorial da Anistia
Conheça decisões memoráveis da Juíza Raquel
publicado
11/12/2017
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A Juíza Raquel autorizou o massacre da UFMG e beneficiou os que cometeram o massacre de Unaí
Do blog do Marcelo Auler:
BH na defesa da UFMG e do Memorial da Anistia
Idealizado para organizar, preservar e divulgar a memória e o acervo histórico dos períodos de repressão política no Brasil na ditadura civil-militar (1964-1985), o Memorial da Anistia Política – MAP está com o seu prédio principal pronto. Embora já dotado até de elevadores e aparelhos de ar- condicionado, é mantido vazio, Sem qualquer uso. Falta construir a praça que dará acesso ao mesmo e contará com um anfiteatro. Enquanto isso não acontece, o prédio novo se deteriora.
Memorial da Anistia Política: o projeto e o seu atual estágio em foto de 08/12/17 (Reprodução: Marcelo Auler)
Foi por conta desta obra paralisada desde o início deste ano por falta de repasses financeiros do governo golpista de Michel Temer que a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi atacada no último dia 06 de dezembro. Seu reitor Jaime Arturo Ramírez, sua vice, mais votada na lista tríplice para o próximo quadriênio, Sandra Goulart Almeida, as ex-vice-reitoras, Heloísa Murgel Starling (2006-2010) e Rocksane de Carvalho Norton (2010/2014), além do presidente da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), professor Alfredo Gontijo, da assessora da reitoria Silvana Cozer – uma das responsáveis pelo MAP – e Sandra Regina de Lima (gerente de finanças da Fundep) foram levados coercitivamente à Polícia Federal.
Em resposta à truculência da ação policial autorizada pela juíza substituta da 9ª Vara Federal, Raquel Vasconcelos Alves de Lima, neste domingo (10/10), Dia Internacional dos Direitos Humanos, centenas de pessoas, entre elas a sociólogas Eleonora Menicucci de Oliveira (ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres no governo de Dilma Rousseff) e o secretário de Direitos Humanos de Minas, Nilmário Miranda (ex-ministro dos Direitos Humanos do governo Lula) participaram de um ato em defesa do MAP e da UFMG.
O Ato público, como não poderia deixar de ser, teve início com o vereador petista de Belo Horizonte, Arnaldo Godoy, transmitindo a solidariedade de Luís Inácio Lula da Silva – que na sexta-feira encerrou a caravana pelo Estado do Rio de Janeiro – e levando os presentes a cantarem o Hino da Anistia – “O Bêbado e a Equilibrista”, de João Bosco & Aldir Blanc. Foi uma forma de protesto ao fato de a operação comandada pelo delegado federal Leopoldo Lacerda ter sido batizada com um verso da música. Fato que gerou protesto dos seus autores. Abaixo, um trecho da música cantada pelos manifestantes.
Os protestos também foram contra a forma como a polícia agiu, com o respaldo da juíza, motivo que levou os manifestantes a aprovarem representações contra os dois. Algo que ainda será estudado por advogados como pode ser feito.
A juíza Raquel Vasconcelos Alves de Lima é a mesma que, em janeiro de 2013 declinou da competência de julgar os assassinos de três auditores e um motorista do então ministério do Trabalho, em janeiro de 2004, no que ficou conhecido como Chacina de Unaí. Na época em que ela declinou da competência, o que levaria o caso de volta à justiça da cidade mineira, a então subprocuradora geral da República Raquel Dodge, hoje Procuradora Geral da República, considerou o fato um retrocesso. “Estamos convictos de que esse julgamento já poderia ter acontecido há bastante tempo”, afirmou. O julgamento ocorreu em 2015, mas embora os mandantes do crime – os irmãos fazendeiros Norberto e Antério Mânica – tenham sido condenados, até hoje estão em liberdade graças aos recursos que impetraram.
Leia a íntegra da reportagem em: http://marceloauler.com.br/bh-na-defesa-da-ufmg-e-do-memorial-da-anistia/
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Em tempo: o portal Vermelho publicou, no último dia 8, momentos memoráveis da carreira da Juiza Raquel Vasconcelos Alves Lima. Além de beneficiar os supostos mandantes da Chacina de Unaí, ela também mandou soltar o neonazista Donato Di Mauro, que espancou um morador de rua no centro de Belo Horizonte em 2013.