Barroso critica "paixão cega" dos que perdem no STF
Para ele, não houve intervenção do Supremo
publicado
28/12/2015
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O Conversa Afiada reproduz trechos de entrevista do Ministro do STF, Luís Roberto Barroso, dada ao Valor:
Para Barroso, não houve intervenção do Supremo
Autor do voto vencedor na sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) que estabeleceu os ritos do impeachment a serem seguidos pelo Congresso, o ministro Luís Roberto Barroso está inconformado com as interpretações feitas sobre a decisão da Suprema Corte. Segundo o ministro, seu voto seguiu à risca o que foi feito por ocasião do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992. "A reação de que o Supremo interveio é simplesmente não factual", diz.
"Num ambiente de paixões, o tribunal deve seguir à risca seus próprios precedentes e os ritos já adotados", disse o ministro Barroso, em conversa com o Valor. "Nós não mudamos nenhuma linha, nem para ajudar nem para prejudicar a presidente". Nesta entrevista, o ministro Barroso tenta esclarecer os quatro pontos principais da decisão do Supremo, que teve seu voto como base: "Papel da Câmara, papel do Senado, voto aberto e proibição de candidatura avulsa".
Segundo Barroso, quando "as paixões estão mais exacerbadas" com mais razão o tribunal deve "seguir a jurisprudência e os ritos que já foram adotados, sem mudar nada. É o que nos liberta".
Abaixo, os principais trechos da entrevista:
Valor: Ministro, o que o incomoda no noticiário a respeito da decisão do Supremo?
Luís Roberto Barroso: O noticiário tem sido pouco factual nessa questão do impeachment, muito opinativo, em que as pessoas misturaram um pouco fato com opinião, e acho que apresentaram erradamente a decisão final do Supremo nessa matéria.
Valor: Como assim?
Barroso: O problema é que as pessoas se apaixonaram, e a paixão cega. E aí as pessoas começam a ver de um ângulo errado, houve muitas notícias erradas, as pessoas que ficaram infelizes com a decisão gostam de truncar as coisas também. O fato e a verdade acabam ficando um pouco enevoados.
Valor: O que está enevoado?
Barroso: Em primeiro lugar, o meu voto, e portanto a decisão final do Supremo, seguiu rigorosamente, do primeiro ao último passo, o procedimento adotado no impeachment do presidente Collor em 1992. Nós não mudamos nenhuma linha, nem para ajudar nem para prejudicar a presidente.
Valor: Qual foi esse procedimento no impeachment de Collor e que o Supremo agora reproduziu?
Barroso: Primeiro, a Câmara instaura uma comissão especial e por dois terços autoriza ou não a instauração do processo no Senado. Essa é a primeira etapa. A segunda etapa, a comissão especial é constituída, prepara um parecer e submete ao plenário que, por dois terços...
(...)
"Num ambiente de paixões, o tribunal deve seguir à risca seus próprios precedentes e os ritos já adotados", disse o ministro Barroso, em conversa com o Valor. "Nós não mudamos nenhuma linha, nem para ajudar nem para prejudicar a presidente". Nesta entrevista, o ministro Barroso tenta esclarecer os quatro pontos principais da decisão do Supremo, que teve seu voto como base: "Papel da Câmara, papel do Senado, voto aberto e proibição de candidatura avulsa".
Segundo Barroso, quando "as paixões estão mais exacerbadas" com mais razão o tribunal deve "seguir a jurisprudência e os ritos que já foram adotados, sem mudar nada. É o que nos liberta".
Abaixo, os principais trechos da entrevista:
Valor: Ministro, o que o incomoda no noticiário a respeito da decisão do Supremo?
Luís Roberto Barroso: O noticiário tem sido pouco factual nessa questão do impeachment, muito opinativo, em que as pessoas misturaram um pouco fato com opinião, e acho que apresentaram erradamente a decisão final do Supremo nessa matéria.
Valor: Como assim?
Barroso: O problema é que as pessoas se apaixonaram, e a paixão cega. E aí as pessoas começam a ver de um ângulo errado, houve muitas notícias erradas, as pessoas que ficaram infelizes com a decisão gostam de truncar as coisas também. O fato e a verdade acabam ficando um pouco enevoados.
Valor: O que está enevoado?
Barroso: Em primeiro lugar, o meu voto, e portanto a decisão final do Supremo, seguiu rigorosamente, do primeiro ao último passo, o procedimento adotado no impeachment do presidente Collor em 1992. Nós não mudamos nenhuma linha, nem para ajudar nem para prejudicar a presidente.
Valor: Qual foi esse procedimento no impeachment de Collor e que o Supremo agora reproduziu?
Barroso: Primeiro, a Câmara instaura uma comissão especial e por dois terços autoriza ou não a instauração do processo no Senado. Essa é a primeira etapa. A segunda etapa, a comissão especial é constituída, prepara um parecer e submete ao plenário que, por dois terços...
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