Boeing vai se apropriar da cadeia produtiva da Embraer
O Conversa Afiada reproduz reportagem publicada pelo site Defesa Net em fevereiro de 2018:
Um grupo de empresários do segmento aeronáutico, que envolve inclusive empresas do setor espacial, tem procurado a câmara de comércio dos Estados Unidos para saber das possibilidades de se transferirem para solo norte americano. Praticamente todas são ligadas a cadeia de fornecimento de peças e subsistemas da Embraer e pertencem ao polo aeroespacial de São José dos Campos. Isso havia sido estimulado alguns anos atrás, pelo então secretário de Estado John Kerr (BR-US - SelectUSA e a Base Industrial de Defesa)
As tratativas estão adiantadas para algumas delas, que estão sendo selecionadas por meio de programas especiais de busca de investimentos estrangeiros para fortalecer a cadeia produtiva ligada direta e indiretamente à Boeing, que adquiriu o controle da Embraer e de todos seus projetos civis.
Os empresários do setor pedem anonimato e discrição, pois tem sido uma das prioridades dos EUA depois das repercussões sobre o anúncio da aquisição da Embraer e da criação da joint venture, que deve levar para Chicago (sede da BOEING), todos os projetos da ex-estatal brasileira, inclusive os futuros programas militares.
“Os americanos já estiveram aqui no Parque Tecnológico (de São José dos Campos) e formalizaram o convite para aderirmos ao programa de investimento nos EUA, mas na época já se ouvia rumores sobre a migração da Embraer que tinha acabado de comprar mais uma unidade por lá. Mas agora é uma realidade e nossa sobrevivência depende disto, vamos tentar nos qualificar para seguirmos junto com nossa parceira para um mercado mais competitivo, mas também bem mais estável”, observou o empresário de lidera o grupo e que tem uma larga experiência no segmento aeronáutico.
Desde o governo de Barak Obama, o governo dos EUA busca atrair as empresas de tecnologia de ponta do Brasil com a promessa de ingressarem num mercado mundial, muito mais atrativo e com diversas opções de clientes, além de ser fornecedores indiretos da Boeing. Isso tem estimulado não só o imaginário do empresariado nacional, crescer num mercado estável e receber em dólar, sem problemas alfandegários e com inúmeras burocracias para produzir.
“Não podemos ser hipócritas, estamos diante de uma oportunidade única. Os EUA pede que levemos nossos engenheiros e os técnicos mais capacitados, estão nos dando linhas de créditos especiais com juros baixíssimos, toda infra estrutura para produzirmos e a facilidade de comprarmos maquinários de ponta sem qualquer entrave.
Infelizmente não dá para pensarmos em continuar a viver nesta instabilidade existente aqui no Brasil. Inclusive esse é um ponto que os americanos querem que levemos, essa capacidade de sobrevivência no meio de tanta adversidade”.
O grupo contempla cerca de 50 empresas de diversos portes e atuação dentro da cadeia produtiva da EMBRAER. A intenção é conseguir fazer a migração no menor prazo de tempo possível e se tornar uma exportadora para a antiga estatal brasileira. Isso esvaziaria totalmente o parque industrial instalado no Brasil, o que facilitaria inclusive a migração integral da Embraer para os EUA, mais propriamente Chicago, inclusive levando toda sua equipe de engenheiros de projetos e de manutenção.
O impacto deste movimento não deve causar surpresa no governo brasileiro, pois a ex-presidente Dilma Rousseff foi uma das maiores apoiadoras da aproximação da BOEING e do parque aeroespacial brasileiro. Atualmente o ministro Raul Jungmann tem evitado tocar no assunto, apesar do grupo de empresários ter confidenciado que ele tem conhecimento pessoal de todo esse processo de migração industrial e intelectual.
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