Bolsonada está mais fraco, não mais forte
Xavier: por falar em milícia, cadê o Queiroz?
publicado
14/04/2019
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O Conversa Afiada oferece nesse domingo 14/III sereno (sempre!) artigo de seu colUnista exclusivo Joaquim Xavier:
Pois é. O governo liberal de extrema-direita deu um susto nos “mercados” ao revogar o aumento do diesel. Articulistas viram nisso um sinal de força. “Aqui quem manda sou eu”, teria dito, não literalmente, o tenente de terceira divisão. Está entusiasmado, dizem alguns.
Ao se examinar o contexto, percebe-se o contrário. Uma avalanche recente de pesquisas escancarou a ladeira abaixo de um governo que mal completou cem dias. Observando em detalhes, descobre-se que a popularidade do milico despenca entre os que votaram nele. Entre os que não votaram nem é necessário falar.
Ao irritar o “mercado”, Bolsonaro não se fortalece. Mostrou-se incapaz de encarar caminhoneiros que nem sequer prometiam uma greve de verdade – basta ler as declarações amistosas de diversas lideranças da categoria. Não passa de um covarde, aliás uma condição que carrega desde sua passagem pela caserna.
O quadro fica então mais claro. Com a popularidade rumo ao chão, o impostor desentende-se com aqueles que o colocaram no poder – os banqueiros, a grande mídia, a justiça de fancaria, os tuiteiros robotizados.
Ao mesmo tempo, não conquista o povo que o rejeitou e o rejeita cada vez mais a toda velocidade. É o caminho abismo.
A reação do Planalto à fuzilaria ocorrida no Rio contra uma família que se dirigia a um chá de bebê só aumenta o rancor contra este governo. Foram necessários seis dias para que Bolsonada se manifestasse, e do jeito que se viu. Nem 80 tiros desferidos contra inocentes foram capazes de despertar solidariedade ou reprovação do tenente do Planalto.
Agora, o novo crime cometido por milicianos no Rio ao construir prédios de papel, complica mais o ambiente.
A famiglia Bolsonada tem relações com milicianos como esses que mataram pelo menos mais sete pessoas. Faz questão de condecorá-los na cadeia. Contrata familiares da bandidagem como assessores públicos. E blinda gente como Fabrício Queiróz, um mentiroso que simplesmente a grande mídia faz questão de esquecer.
A cerimônia dos 100 dias foi digna do governo que está aí. Não se ouviu uma palavra enfática sobre emprego, habitação, educação digna, soberania nacional, povo. Só parolagem rasteira. Um dia depois, temos o anúncio do desmonte de dezenas de conselhos que, mal ou bem, ecoavam a voz de uma sociedade adversária de métodos ditatoriais.
Nem o diretor do Museu de Nova York quer Bolsonada posando ao lado de um esqueleto de dinossauro. No fundo acha mais justo, com razão, que a homenagem seja feita ao fóssil.
Resta ver o Congresso, certamente pior que o anterior como diria Ulysses Guimarães. Pior, mas nada tolo quando se trata de bufunfa. Já se articulam na Comissão de Constituição e Justiça novos adiamentos para votar a liquidação da aposentadoria.
Quanto mais Bolsonada afunda, mais alto fica o preço dos parlamentares para sacrificarem seus mandatos.
Bolsonada solto, Lula preso. Claro que a equação não fecha para os que pensam num Brasil melhor.
Joaquim Xavier
Ao se examinar o contexto, percebe-se o contrário. Uma avalanche recente de pesquisas escancarou a ladeira abaixo de um governo que mal completou cem dias. Observando em detalhes, descobre-se que a popularidade do milico despenca entre os que votaram nele. Entre os que não votaram nem é necessário falar.
Ao irritar o “mercado”, Bolsonaro não se fortalece. Mostrou-se incapaz de encarar caminhoneiros que nem sequer prometiam uma greve de verdade – basta ler as declarações amistosas de diversas lideranças da categoria. Não passa de um covarde, aliás uma condição que carrega desde sua passagem pela caserna.
O quadro fica então mais claro. Com a popularidade rumo ao chão, o impostor desentende-se com aqueles que o colocaram no poder – os banqueiros, a grande mídia, a justiça de fancaria, os tuiteiros robotizados.
Ao mesmo tempo, não conquista o povo que o rejeitou e o rejeita cada vez mais a toda velocidade. É o caminho abismo.
A reação do Planalto à fuzilaria ocorrida no Rio contra uma família que se dirigia a um chá de bebê só aumenta o rancor contra este governo. Foram necessários seis dias para que Bolsonada se manifestasse, e do jeito que se viu. Nem 80 tiros desferidos contra inocentes foram capazes de despertar solidariedade ou reprovação do tenente do Planalto.
Agora, o novo crime cometido por milicianos no Rio ao construir prédios de papel, complica mais o ambiente.
A famiglia Bolsonada tem relações com milicianos como esses que mataram pelo menos mais sete pessoas. Faz questão de condecorá-los na cadeia. Contrata familiares da bandidagem como assessores públicos. E blinda gente como Fabrício Queiróz, um mentiroso que simplesmente a grande mídia faz questão de esquecer.
A cerimônia dos 100 dias foi digna do governo que está aí. Não se ouviu uma palavra enfática sobre emprego, habitação, educação digna, soberania nacional, povo. Só parolagem rasteira. Um dia depois, temos o anúncio do desmonte de dezenas de conselhos que, mal ou bem, ecoavam a voz de uma sociedade adversária de métodos ditatoriais.
Nem o diretor do Museu de Nova York quer Bolsonada posando ao lado de um esqueleto de dinossauro. No fundo acha mais justo, com razão, que a homenagem seja feita ao fóssil.
Resta ver o Congresso, certamente pior que o anterior como diria Ulysses Guimarães. Pior, mas nada tolo quando se trata de bufunfa. Já se articulam na Comissão de Constituição e Justiça novos adiamentos para votar a liquidação da aposentadoria.
Quanto mais Bolsonada afunda, mais alto fica o preço dos parlamentares para sacrificarem seus mandatos.
Bolsonada solto, Lula preso. Claro que a equação não fecha para os que pensam num Brasil melhor.
Joaquim Xavier
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