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Bolsonaro, ciências humanas não são um luxo!

11 mil acadêmicos assinam manifesto contra cortes
publicado 07/05/2019
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Da Revista Fórum:

Intelectuais das principais universidades do mundo assinam manifesto contra Bolsonaro


Mais de 11 mil acadêmicos de universidades de todo o mundo assinaram nesta segunda-feira (6) um manifesto contra os cortes no setor de Educação do governo de Jair Bolsonaro, principalmente em Filosofia e Sociologia.

Intelectuais de Harvard, Princeton, Yale, Oxford, Cambridge, Berkeley, e de instituições brasileiras como a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de Brasília (UnB), entre outras, assinam o documento.

O manifesto foi divulgado no jornal francês Le Monde e o abaixo-assinado foi organizado pela “Gender International”, uma rede de pesquisadores de estudos de gênero e sexualidade.

O documento reforça que “as ciências sociais e as humanidades não são um luxo” e defende que “nas nossas sociedades democráticas, os políticos não devem decidir o que é a boa ou a má ciência”.

“Pensar sobre o mundo e compreender nossas sociedades não deve ser privilégio dos mais ricos. Como acadêmicos dos mais diversos campos, estamos plenamente convencidos de que nossas sociedades, incluindo o Brasil, precisam de mais, e não menos educação”, ressalta o documento, que destaca que “a avaliação do conhecimento e de sua utilidade não pode ser conduzida de modo a conformar- se com as ideologias de quem está no poder”. (...)

Em tempo: leia abaixo o texto completo do manifesto:

Brasil: As ciências sociais e as humanidades não são um luxo


Em 26 de abril, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro confirmou no twitter o que seu ministro da Educação, Abraham Weintraub, havia anunciado na véspera: seu governo previa suprimir os recursos públicos destinados aos estudos de sociologia e de filosofia.

Para cursar essas disciplinas, seria necessário, no futuro, que os estudantes financiassem seus próprios estudos. Enquanto o ministro baseava sua proposta no modelo lançado pelo Japão em 2015, o presidente precisou que o ensino superior devia se concentrar em leitura, escrita e contas, e que em vez de ciências humanas, o governo federal devia investir nas áreas que trouxessem “um retorno imediato ao investimento” dos contribuintes, como veterinária, engenharia e medicina.

Por meio desta declaração pública internacional, os signatários alertam contra as graves consequências de tais medidas, que já constrangeram o governo japonês a dar marcha a ré em seguida a protestos nacionais e internacionais.

A bitola da conformidade a uma ideologia
Em primeiro lugar, a educação em geral e o ensino superior em particular não podem gerar retorno imediato do investimento: trata-se um investimento nacional para as gerações futuras.

Em segundo lugar, as economias modernas requerem não apenas competências técnicas especializadas, mas uma vasta formação intelectual e generalizada para as cidadãs e os cidadãos.

Terceiro, não cabe à classe política, em nossas sociedades democráticas, decidir o que constitui um bom ou um mau saber. A avaliação dos conhecimentos e de sua utilidade não deve ser submetida à bitola da conformidade a uma ideologia dominante.

As ciências sociais e as humanidades não são um luxo; um pensamento crítico sobre o mundo e uma compreensão rigorosa do funcionamento de nossas sociedades não deveriam ser o apanágio dos mais ricos. Enquanto universitários de múltiplas disciplinas, partilhamos uma convicção profunda de que nossas sociedades, aí compreendido o Brasil, precisam de mais – e não de menos – educação.

A inteligência coletiva é um recurso econômico e um valor democrático.

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