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Bolsonaro ignorou alertas da ABIN sobre pandemia

Ele só confia no tal "sistema particular" de informações...
publicado 31/05/2020
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Créditos: Divulgação/ABIN

Documentos obtidos pelo jornal O Estado de São Paulo mostram que a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) alertou o gabinete de Jair Bolsonaro sobre as falhas na política de combate à pandemia de covid-19. O presidente da República, entretanto, ignorou os relatórios e adotou discursos, práticas e posturas completamente opostos às recomendações da agência e de organismos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os relatórios diários, datados entre 27/IV e 13/V, relatam problemas como a falta de leitos de UTI em diversos estados, a subnotificação de casos e as mortes por falta de testes de detecção da doença. Ao mesmo tempo, a ABIN observa que as localidades que adotaram medidas de isolamento social, como as quarentenas, conseguiram diminuir o ritmo de crescimento da covid-19. "O Distrito Federal foi uma das primeiras UFs [unidades da federação] a decretar suspensão de aulas e de atividades não essenciais, o que provavelmente contribuiu para controle do crescimento de número de casos locais", diz um relatório do começo de maio. Em outro documento, de 11/V, a agência afirma claramente que estados que cumpriam ações de quarentena "aparentemente tiveram maior sucesso em reduzir a taxa de crescimento do número de casos".

No início de abril, a ABIN afirmou, também, que uma quarentena rígida foi fundamental para achatar a curva de casos em países como Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido.

Desde o início da pandemia, entretanto, Bolsonaro vem desmerecendo tais recomendações: ele já afirmou que medidas de isolamento social são "inúteis", defendeu o fim da quarentena, além de provocar aglomerações e aparecer em público sem máscara de proteção.

A ABIN também se mostrou cética em relação ao uso da cloroquina, frequentemente citada como medicamento milagroso por Bolsonaro. Ao longo dos relatórios, a agência apenas cita as pesquisas em andamento sobre a substância, sem julgar se é válido ou não apostar na eficácia do tratamento.

Leia a reportagem completa no site do Estado de São Paulo.

Em tempo: durante a fatídica reunião ministerial de 22/IV, Bolsonaro afirmou que não recebia informações dos órgãos oficiais de inteligência e que preferia utilizar o seu próprio "sistema particular": "me desculpe, o serviço de informação nosso, todos é (sic) uma vergonha. Uma vergonha. Que eu não sou informado. E não dá pra trabalhar assim, fica difícil", afirmou. "Sistema de informações, o meu funciona. O meu particular funciona. Os que tem oficialmente, desinforma (sic). Eu prefiro não ter informação do que ser desinformado por sistemas de informação que eu tenho", concluiu.

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