Bolsonaro leva militares ao centro de escândalos do governo
Os militares começaram a pagar o preço pelo embarque no governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
Em depoimento no último sábado (02/V), Sergio Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, apontou o chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, como uma das testemunhas da interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal.
De acordo com Moro, Heleno chegou a alertar Bolsonaro que não havia como fornecê-lo os relatórios de inteligência da PF, que o presidente queria.
Moro também cita as presenças do ministro da Casa Civil, Walter Braga Neto, do secretário de governo, Luiz Eduardo Ramos, e do próprio Heleno em reunião do dia 22 de abril em que o presidente ameaça demiti-lo.
Segundo Moro, Bolsonaro cobrou a substituição do superintendente da PF do Rio de Janeiro e de Maurício Valeixo, então diretor-geral da Polícia Federal.
Na mesma ocasião, o presidente disse que, se não pudesse mudar o superintendente do Rio, poderia então trocar o diretor-geral e o próprio ministro da Justiça.
Nesta terça-feira (05/V), Celso de Mello, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou que o governo entregue as gravações da reunião.
O ministro do STF refere-se ao seguinte trecho do depoimento de Moro à PF:
QUE perguntado se havia desconfiança em relação ao Diretor VALEIXO, o Declarante respondeu que isso deve ser indagado ao Presidente; QUE o próprio Presidente cobrou em reunião do conselho de ministros, ocorrida em 22 de abril de 2020, quando foi apresentado o PRÓ-BRASIL, a substituição do SR/RJ, do Diretor Geral e de relatórios de inteligência e informação da Polícia Federal;
QUE o presidente afirmou que iria interferir em todos os Ministérios e quanto ao MJSP, se não pudesse trocar o Superintendente do Rio de Janeiro, trocaria o Diretor Geral e o próprio Ministro da Justiça;
QUE ressalta que essas reuniões eram gravadas, como regra, e o próprio Presidente, na corrente semana, ameaçou divulgar um vídeo contra o Declarante de uma dessas reuniões;
QUE nessas reuniões de conselho de ministros participavam todos os ministros e servidores da assessoria do Planalto (...)
A PGR (Procuradoria Geral da República) pediu, nesta terça-feira (05/V), o depoimento dos ministros citados por Moro. Celso de Mello deu 20 dias para a execução das medidas.