Bolsonaro: queimadas na Amazônia podem ser obra de ONGs!
São Paulo, 3h da tarde, segunda-feira. Nuvens escuras continham fuligem das queimadas no Norte e Centro-Oeste (Reprodução: G1)
Em coletiva na entrada do Palácio da Alvorada na manhã de hoje (21/VIII), o presidente Jair Messias afirmou que organizações não-governamentais (ONGs) que combatem o desmatamento podem ser as responsáveis pela onda de incêndios criminosos na Amazônia.
Segundo o presidente, as queimadas foram feitas "estrategicamente" para "chamar atenção" - os incêndio seriam, diz Bolsonaro, uma "retaliação" contra o governo pelo corte de verbas destinadas às ONGs ambientalistas.
"O crime existe, está aí, nós temos que fazer o possível para... Para que esse crime não... Não aumente, não vá... Não vá avante, mas... Nós tiramos dinheiro de ONGs, repasses de fora, que 40% ia pra ONGs. Não tem mais. Acabamos também com questão de repasse de dinheiro de ONGs, de órgãos públicos, aqui... É... De modo que esse pessoal tá sentindo a falta do dinheiro. Então, pode estar havendo, sim, pode - não tô afirmando - ação criminosa desses 'ongueiros' para, exatamente, chamar atenção contra minha pessoa, contra o governo do Brasil. Essa é a guerra que nós enfrentamos", disse o presidente.
Obviamente, Bolsonaro não citou dados nem provas sobre tal acusação.
Um jornalista insiste: "o senhor, então, acha que são as ONGs que estão fazendo esses incêndios?"
Bolsonaro responde: "não, não tô... Não tô afirmando, né. Nós temos que combater o crime. Depois vamos ver quem é o responsável, o possível responsável pelo crime. Mas, no meu entender, há interesse dessas ONGs, que representam interesses de fora do Brasil."
Reprodução: G1
Jair Messias também disse que seu "sentimento" é de que os incêndios foram criados, especificamente, para enviar fotos e vídeos ao exterior:
"O fogo foi tocado, pareceu, em lugares estratégicos. Tem imagens da Amazônia toda. Como é que pode? Nem vocês [da imprensa] teriam condições de todos os locais estar tocando fogo para filmar e mandar para fora. Pelo que tudo indica, foi para lá o pessoal para filmar e tocaram fogo. Esse que é o meu sentimento", afirmou.
Segundo dados do Inpe, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (aqueles dados nos quais Bolsonaro não acredita), o número de queimadas no Brasil aumentou 82% em doze meses. São 71.500 focos de incêndio, contra 39.200 no ano passado.
A Amazônia concentra 52% das queimadas de 2019, contra 30% para o Cerrado.
Nas últimas 48 horas, o Inpe registrou 321 focos de incêndio na região de Corumbá, no Mato Grosso, além de 293 em Altamira (PA), 204 em São Félix do Xingu (PA), 154 em Novo Progresso (PA) e 120 em Lábrea (AM).
Na tarde da última segunda-feira (19/VIII), nuvens pesadas cobriram a cidade de São Paulo, causando escuridão fora do normal. Boa parte do material nas nuvens era fuligem oriunda das queimadas no Norte e Centro-Oeste do Brasil.
São Paulo, 15 horas (Reprodução: Twitter/@LeilaGermano)
Reprodução: Twitter/@oicaioon
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