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Bolsonaro volta a usar Secom para fazer propaganda da cloroquina

Especialistas chamam a atenção para os efeitos "potencialmente fatais"
publicado 21/05/2020
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(Redes Sociais)

O governo de Jair Bolsonaro, por meio da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), voltou a fazer propaganda da hidroxicloroquina nas redes sociais.

O Brasil ganhou mais uma esperança no tratamento do #coronavírus. O @minsaude adotou um novo protocolo para receita da cloroquina/hidroxicloroquina. O medicamento, que já é adotado em diversas partes do mundo, é considerado o mais promissor no combate à Covid-19. Entenda: pic.twitter.com/mSBoJqcMIp

— SecomVc (@secomvc) May 21, 2020

Na quarta-feira 20/V, o diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, ressaltou que "nesse momento a cloroquina e a hidroxicloroquina não foram identificadas como eficazes para o tratamento da covid-19".

Segundo Ryan, é preciso ter em conta os "efeitos colaterais que podem vir a acontecer" e que as "autoridades sanitárias devem avaliar os riscos" do tratamento com cloroquina e hidroxicloroquina durante a infecção pelo coronavírus.

Já nesta quinta, o site da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) publicou um importante alerta:

As comunidades médicas e científicas são enfáticas: não há comprovação para a eficácia do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina em casos de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (SARS-Cov-2). Recentes estudos demonstram, pelo contrário, a falta de segurança na rotina clínica com os medicamentos. A arritmia cardíaca, um dos efeitos colaterais mais frequentes, é potencialmente fatal, conforme o alerta de pesquisadores.

Após analisar pesquisas recentes relativas à rotina de tratamento com cloroquina e hidroxicloroquina (composto análogo à cloroquina), o professor do Instituto de Química da Unicamp, Luiz Carlos Dias, indica que “os resultados de ensaios clínicos em seres humanos para SARS-CoV-2, em diferentes estágios da infecção, não são favoráveis”. Os estudos que mostram algum benefício, diz, foram feitos de forma não randomizada, sem placebos e sem duplo-cegos, procedimentos de pesquisa que são adotados para dar mais segurança nos resultados sobre a eficácia clínica do medicamento. 

O docente, que atua no desenvolvimento de fármacos para doenças negligenciadas, entre elas a malária, uma das enfermidades para as quais a cloroquina é utilizada no Brasil, observa que, por conta dos efeitos adversos, mesmo no caso da malária, em que há comprovação da eficácia, a administração do medicamento é feita somente com um rigoroso acompanhamento do paciente. Dessa forma, para ele, a melhor alternativa de controle da pandemia do novo coronavírus, no momento, é o isolamento social.