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Boulos do MTST: foi só o começo!

Com a Globo, tem é que cassar a concesssão
publicado 10/05/2016
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Boulos: os golpistas não terão tranquilidade!

O Conversa Afiada entrevistou por telefone Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto, MTST, sobre as manifestações que cercaram Brasília e fecharam o país.

Isso foi só o começo, diz ele.


PHA - Quais manifestações vocês realizam hoje em São Paulo?

Boulos: Hoje é o Dia Nacional de Mobilização e Paralisação contra o Golpe, feito pela Frente Povo Sem Medo e pela Frente Brasil Popular, que está ocorrendo em todo o país. O MTST está envolvido, como esteve há 10 dias, no dia 28, quando foram paradas 30 rodovias e avenidas no país. Nós não temos um balanço final com todas as ações de hoje, mas foi um recado bastante claro e expressivo de que o Golpe vai ser questionado e barrado nas ruas.

PHA - Especificamente, como você descreveria as ações do MTST hoje nas ruas?

Boulos: Nós participamos hoje de diversas ações em conjunto, desde Campinas, no interior de São Paulo, e apoio a algumas ações ocorridas aqui na capital. A orientação foi no sentido das paralisações de grandes vias, avenidas e rodovias. Como aconteceu no Sumaré, na região metropolitana, que mobilizou milhares de pessoas. Outros companheiros e militantes atuaram na capital e região metropolitana.

PHA - Como vocês articularam isso? Aparentemente, foi um movimento de extensão nacional e com uma repercussão profunda. Como é possível descrever o processo de articulação disso? Sem, evidentemente, quebrar qualquer cláusula de confidencialidade...

Boulos: Isso se deu entre as duas frentes - Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo - que hoje unificam a maior parte do movimento social brasileiro, no sentido de construir agendas unitárias contra o Golpe. Não começou hoje e nem termina aqui. Já há alguns meses foram várias agendas sendo construídas. Reitero a do dia 28, quando paralisamos o país. Já nesta semana, se houver de fato a confirmação do Golpe pelo Senado amanhã (11), na quinta e na sexta estão previstas novas mobilizações. Não vai haver - como nós havíamos colocado - nenhum momento de tranquilidade para os golpistas no Brasil.

PHA - Você é a favor da convocação de eleição ou de plebiscito para realizar eleição?

Boulos: Nós não tomamos partido nesse sentido. Porque achamos que essa iniciativa precisa ter um grau de unidade mais amplo entre os movimentos, para que seja mais expressiva e ganhe corpo no país. Mas o que está em jogo é uma eleição indireta de um presidente. O que está em jogo é tentar colocar um presidente biônico no país. E isso pode ser consumado depois de amanhã. E é evidente que, se isso for consumado, é preciso pensar maneiras de demonstrar de forma clara e cabal a ilegitimidade de um governo eleito por vias indiretas. E a discussão das eleições é uma das alternativas que podem entrar nesse sentido.

Agora, tendo claro que ela também não é suficiente. Se há uma coisa toda que essa crise mostrou é a falência do sistema político brasileiro, um sistema calibrado pelos interesses econômicos, e fechado para a participação popular. Então, as bandeiras que a esquerda e que esses movimentos forem levantar neste momento também têm que levar em conta a necessidade de uma democratização profunda do sistema político no país.

PHA - E o que fazer com a Globo?

Boulos: A Globo... acho que a democratização da política no país passa pela democratização dos meios de comunicação. Não há - e não haverá - democracia plena no Brasil enquanto nós tivermos um monopólio canalha comandando os meios de comunicação. A Rede Globo é um câncer no país. Foi a central do Golpe! Ela precisa ser enfrentada e denunciada, porque é sonegadora, defende os interesses mais reacionários. E porque em qualquer sociedade efetivamente democrática, ela não teria mais qualquer concessão pública. A Rede Globo usa e abusa de uma concessão pública para fazer desestabilização política no país, e defender um projeto político de direita. O certo, na verdade, é a cassação da concessão da Rede Globo.


Abaixo, o áudio da entrevista: