Boulos não disse que o ciclo do PT acabou
O jornal Valor - aqui no Conversa Afiada também conhecido como PiG cheiroso - publicou em sua edição de hoje, 15/XII, uma entrevista com Guilherme Boulos, dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, o MTST.
(Sobre o trabalho do MTST, assista, na TV Afiada, a reportagem especial sobre a ocupação de 7.000 famílias no ABC Paulista.)
O título da entrevista é "O ciclo do PT se encerrou, diz Boulos".
Acontece que EM MOMENTO ALGUM Boulos utiliza essa expressão.
Ao contrário, o líder do MTST defende, na entrevista, que Lula tem o direito de participar das eleições de 2018.
O que Boulos diz é que o ciclo da CONCILIAÇÃO se encerra. (Sobre isso, assista na TV Afiada: "e o Lula e a Dilma querem conciliar...)
Quem lê a entrevista percebe que o título é um "pega-trouxa".
Melhor: um "caça-clique" sensacionalista para as redes sociais.
Ou, simplesmente, "fake news".
Abaixo, alguns trechos da entrevista:
Valor: Uma disputa eleitoral sem Lula une a esquerda ou a fragmenta ainda mais?
Boulos: Existe a compreensão do direito do Lula de ser candidato como uma questão democrática. Não é de convergência programática, mas de não deixar que o Judiciário defina o processo eleitoral no tapetão. A esquerda tem diversidade. A intolerância e a unidade artificial nós deixamos para a direita. Eles são bons nisso. Defendo que a esquerda se apresente em 2018 com projeto de enfrentamento, sem alianças com golpistas. No primeiro turno é muito improvável ter candidatura única. Já se lançaram pré-candidaturas.
(...) Boulos: Temos um ciclo se encerrando, o ciclo de um estratégia que foi capitaneada hegemonicamente pelo PT, inclusive nos seus governos, de que era possível ter avanços sem enfrentar a estrutura arcaica de privilégios. Nos governos Lula se teve avanço porque havia um crescimento médio de 4%. Com manejo orçamentário se fazia política social sem tirar nada do andar de cima. Quando a crise vem, isso não é mais possível. A esquerda tem de pensar rumos, um novo projeto, nova perspectiva. Essa perspectiva não tem que ser pensada para a próxima eleição apenas, mas para os próximos 10, 20, 30 anos. (...)