Brito: o MP virou um esquadrão morominion
Por Fernando Brito, do Tijolaço - A decisão de Wellington Oliveira de oferecer denúncia contra o jornalista Glenn Greenwald certamente dará com os burros n’água, da mesma forma que a iniciativa do mesmo procurador de tentar afastar o presidente da Ordem dos Advogados, rejeitada pela Justiça na semana passada.
Mas é um novo e inacreditável passo que o Ministério Público dá para afundar a Justiça brasileira na condição de cúmplice e braço judicial da implantação do fascismo no Brasil.
Sergio Moro e a Força Tarefa de Curitiba deram a partida neste processo de radicalização antidemocrática.
Agora, seu colega de Brasília faz significar a todos que apurar a verdade é um risco para o jornalista que se dispuser a fazer isso.
Até porque Glenn, pelo prestígio que a qualidade de seu trabalho, que lhe valeu um Pulitzer e pelos meios que o Intercept lhe proporcionam de defender-se e – espera-se que logo – lançar ao lixo esta monstruosidade não é um caso comum na imprensa.
O Ministério Público, por gente assim, tornou-se um mecanismo de intimidação da imprensa. Quem discordar da santidade de Moro e sua trupe curitibana estará se arriscando à Inquisição.
O inspirador do ex-secretário Alvim não faria melhor.
Não é o caso de uma reação menor do que aquela que, pelo menos, tirou-lhe o cargo.
Ou se começa a aplicar, agora e com ele, a lei de abuso de autoridade ou ela é mera peça decorativa.
Se havia uma vedação, por liminar dada por Gilmar Mendes meses atrás, para que ‘as autoridades públicas e seus órgãos de apuração administrativa ou criminal abstenham-se de praticar atos que visem à responsabilização do jornalista Glenn Greenwald pela recepção, obtenção ou transmissão de informações publicadas em veículos de mídia, ante a proteção do sigilo constitucional da fonte jornalística”, há uma denúncia sem investigação.
E uma denúncia baseada apenas na observação, por Greenwald, na proteção, que é constitucional, ao sigilo da fonte.
Boa parte do MP tornou-se um esquadrão morominion.
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