Caixa aplica censura prévia a projetos "contra o governo"
A Caixa Econômica Federal lançou um sistema de censura prévia a projetos culturais realizados em seus espaços em todo o país.
A informação foi revelada pela Folha de São Paulo nesta sexta-feira 4.
As novas regras exigem que a estatal avalie previamente as opiniões políticas dos artistas e até o comportamento deles nas redes sociais antes da aprovação para que peças de teatro, debates e exposições já aprovados em editais entrem de fato em cartaz.
Segundo a Folha, funcionários da Caixa Cultural de diferentes estados relataram que essas novas etapas no processo de seleção de projetos patrocinados pelo banco abrem caminho a uma perseguição aberta a determinadas obras e autores.
Documento a que o jornal teve acesso mostra que no campo sobre "polêmicas" devem ser levantados: “possíveis riscos de atuação contra as regras dos espaços culturais, manifestações contra a Caixa e contra governo e quaisquer outros pontos que podem impactar”.
Na ficha há ainda campos chamados “histórico do artista nas redes sociais e na internet e participação em outros projetos” e "histórico do produtor nas redes sociais e na internet".
Os relatórios são analisados pela superintendência da empresa em Brasília e pela Secretaria de Comunicação (Secom) do Governo Federal.
Em conversas com coordenadores das unidades da Caixa, alguns funcionários entenderam que temas que desagradam Bolsonaro, como "questões de gênero", sexualidade e sobre a ditadura militar, deveriam ser informados.
Após ser elaborado, o relatório seguiria então para a superintendência da Caixa em Brasília, que poderia barrar ou aprovar o projeto, tendo como base este conteúdo, além de documentação e pesquisas de históricos dos artistas.
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