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Ciro a Cruvinel: é preciso ter paciência

Ele acha que vai disputar o 2°. turno com o santo do Alckmin
publicado 14/03/2018
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Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil

Neste momento preliminar da disputa presidencial, os candidatos melhor posicionados nas pesquisas ainda são prisioneiros de problemas diversos que inibem seus movimentos, contribuindo para a nebulosidade ainda forte do quadro. O ex-presidente Lula é favorito mas vive a situação mais dramática, podendo ser preso em breve caso o STF siga na postura de Pilatos, não revendo a questão das prisões pós-segunda instância. Geraldo Alckmin, precisa decolar urgentemente mas vive administrando as querelas internas do PSDB. Marina Silva, em terceiro lugar, mas carente de recursos e alianças, encaramujou-se. “Eu sou o único que está com a situação resolvida, e venho transformando em energia militante minha revolta com tudo o que estão fazendo contra o Brasil” – diz o candidato do PDT, Ciro Gomes. Contraponho que Jair Bolsonaro também está livre e solto, aspergindo seu discurso de violência e ódio. Mantém o segundo lugar nas pesquisas apesar das apostas de que se desmanchará no curso da campanha. Como ninguém lhe dá combate, não existe o risco real de que ele chegue ao segundo turno? Resposta de Ciro:

- Bolsonaro precisa ser removido da disputa pra o bem da democracia brasileira mas a tarefa de lancetar o tumor é do Alckmin. No campo da direita, Alckmin está bloqueado por Bolsonaro, e ainda tem que se livrar das ciladas tucanas. É Fernando Henrique lançando Huck, é Dória inventando prévias e dinamitando a aliança com o PSB, um ninho de cobras que conheço bem. Mas Bolsonaro vai se desmanchar quando começar o antagonismo. Ninguém ganha eleição dinamitando todas as pontes. Espero disputar o segundo turno com Alckmin.

Nessa conversa com a coluna, não houve ataque a Lula, só lamentos pelo que lhe pode acontecer. Mas lembro que no PT se diz que, mesmo com Lula preso e impedido de participar da campanha, não haverá apoio a Ciro. Ele suspira: “É preciso ter paciência, e estou tendo. Há um segmento do PT que não pensa no país nem no próprio Lula. Usam o Lula para eleger governadores e deputados. Mas Lula está certo em se manter candidato e tem minha compreensão, embora isso bloqueie meu crescimento. Tudo vai ter sua hora. Impedido de concorrer, não creio que só crismando um candidato ele o levará ao segundo turno. Tudo vai ter sua”, diz Ciro.

Marina, ele acha que está se anulando e se despersonalizando na medida em que se afasta da cena política. E os outros ele considera, por ora, figurantes em busca de um papel: Temer, Rodrigo Maia, Meirelles, Álvaro Dias e todos mais. Enquanto isso, diz que já ganhou a estrada, começará a percorrer o país enquanto sua equipe técnica elabora o programa de governo. Dela, destaca três nomes: Nelson Marconi, professor da FGV, Mauro Benevides Filho, secretário da Fazenda no Ceará e Mangabeira Unger, professor de Harvard, de volta ao Brasil para ajudar na campanha.

Mas o principal é crescer nas pesquisas e ele teve apenas 8% de preferência no último Datafolha. Ele acha que só se imporá como alternativa para a esquerda depois que a situação de Lula for resolvida. Só então, os votos do lulismo começariam a migrar para ele, hipótese que os petistas descartam: esgotadas as chances de Lula ser candidato, o nome por ele indicado seria o estuário natural do lulismo e de todos os indignados com a situação nacional. E mais intensamente se ele virar mártir, com a prisão. Com um petista no segundo turno, seria hora de conversar com o PDT, o PC do B e o PSOL.