Coronavírus: Bolsonaro desrespeita ministro da Saúde
Orientação a ser seguida é a do presidente
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a desautorizar o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), na manhã desta quarta-feira (25/III).
Em entrevista na porta do Palácio do Alvorada, Bolsonaro afirmou que a orientação para combater a pandemia provocada pelo coronavírus será o isolamento vertical, apenas para idosos e pessoas com comorbidades (outras doenças).
A decisão contraria as recomendações do Ministério da Saúde e da OMS (Organização Mundial de Saúde).
"Conversei por alto com o Mandetta ontem (terça-feira). Hoje vamos definir essa situação. Tem que ser, não tem outra alternativa", disse Bolsonaro. "A orientação vai ser vertical daqui para frente. Eu vou conversar com ele e tomar a decisão", confirmou.
A maioria dos países tem adotado o chamado isolamento horizontal, uma medida que vale para todos.
Crítica a governadores
Na entrevista, o presidente voltou a criticar as ações de combate ao coronavírus feitas por prefeitos e governadores.
"Certas autoridades estão tomando medidas além da normalidade. São verdadeiros donos dos estados e municípios. Proibindo tráfego de pessoas, de rodovias, fechando empresas e comércio", criticou.
Para acrescentar: "Rio e São Paulo estão fazendo demagogia junto a isso. Se colocam como Messias. Fazem política o tempo todo. Não é esse o caminho que o Brasil deve seguir".
Risco de caos
Bolsonaro justificou o seu pronunciamento ontem, que foi alvo de críticas, com o temor do Brasil viver um período de caos.
"Temos 38 milhões de autonômos no Brasi que não estão ganhando
os seus salários. Na CLT, as empresas não estão produzindo nada e não têm como pagar o seu pessoal. Se a economia colapsar, não vai ter dinheiro para pagar o servidor público. Com todo em casa, vai ser o caos", disparou.
O presidente afirmou ter medo que ocorra manifestações, como no Chile, e que a esquerda volte ao poder.